Amantes
Cláudio,
O que você fez comigo?
Revirou minha cabeça, meus pés e fez do meu sono de todo dia um sonho gostoso, como brisa de inverno depois de um longo verão. Na verdade você chegou de forma inesperada: sem pedir licença. Nunca gostei de pessoas que entram na vida da gente dessa forma, mas você vem ao encontro justamente daquilo que eu não sou ou não gosto ou insisto em achar que não quero.
Vir. De novo. Todo dia. Virou. Toda noite. Revirou.
Como adolescente inebriada pela primeira paixão, abro os olhos de manhã e sua imagem imediatamente toma todos os meus pensamentos. Posso ver seus olhos beijando os meus. Um suspiro! Bem como o doce, é saboroso sentir você. Sigo meus afazeres, no sobressalto de todo dia, mas as coisas são diferentes. O tempo pára.
Atravesso a rua e percebo a criança que brinca sorridente no colo de sua mãe. Vejo os pássaros voando em sincronia acima da minha cabeça. Ouço aquela música que toca bem baixinho ao fundo da conversa na mesa de bar. Estão todos lá, os detalhes. O amor faz isso? Faz a gente desacelerar e perceber o que sempre esteve ali de forma totalmente nova? Espera. Eu não disse que era amor (risos!). Não sei se é. Não dá para saber. Ainda.
O que sei é que você me acompanha a cada passo. Seus olhos vivos, sua boca sagaz dizendo meu nome, suas mãos tranquilas. Tudo me acompanha e gosto disso. Gosto muito.
Não vejo a hora de te ver. De novo. E outra vez. E novamente. E todo dia. E todo sempre. Sempre é muita coisa, eu sei. Por hoje só quero você. Comigo. Nós dois. Juntos. Nossa varanda. O céu. A lua a nos iluminar e o mar a entoar a nossa canção.
Te espero.
Luna.