Carta ao espelho

Espelho,

Quantas vezes precisei te ver para me olhar durante o dia? Quantas vezes precisei me enxergar durante uma vida? É tão impressionante como nos últimos anos passei por tantas mudanças e você esteve ali. É incrível me ver como fui um ator, por onde passei por diversos eus, cada um trazendo algo de diferente dentro de si. Vivendo e me entregando por todos, vendo em você cada detalhe meu. É reflexivo como passei tão rápido por eles. Foram tantas as idas e vindas. Quando olho para você, eu consigo me ver no passado.

...

Como uma história comum, cheguei ao meu ápice, onde me achava perfeito diante de várias almas que circularam minha vida. Fui ao poço, quando percebi que era mais frágil que um vidro. Colecionei rachaduras em você e em mim. Até tentei te reconstruir, mas sei que é tarde demais. Chegaste ao teu desgaste.

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Choro em sua frente. É saudade dos bons momentos, mas é tristeza dos dias tão rápido. Essas cicatrizes que carrego eu preciso me livrar. Preciso apagar tudo aquilo que passou e aceitar meu novo tempo. Pôr em mim aquele perdão que nunca alcancei. Para isso, eu preciso te quebrar. Eu preciso te jogar fora. Você chegou ao fim. Deixo-me a minha despedida.

Adeus.

Eu.

Sofia do Itiberê e Vários Felipes
Enviado por Sofia do Itiberê em 11/12/2015
Reeditado em 11/12/2015
Código do texto: T5476565
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