Filha! Cadê você? ... carta-poema a uma filha adolescente...
CARTA-POEMA
Filha que esteve em meu ventre,
Hoje, onde é que se esconde?
Filha das minhas entranhas,
Por quê você não responde?...
Porque estás tão estranha,
Reclamando em tantos ais?
Nos meus dias de alegria
Não te reconheço mais!
Vejo você definhando,
No passar de cada dia,
Sem humor, sem harmonia,
Pregada te vejo ao chão,
Só tristeza e depressão!
Tua identidade até me parece,
Um tanto quanto perdida;
Amorfa eu vejo tua vida
E um tanto quanto vazia!...
Vejo que estás em crise
E tudo parece confuso,
Estás sem prumo
E tudo parece sem rumo,
Sem eixo, sem parafuso...
Um barco à deriva,
Num mar de revoltas e “ais”...
Pretensas certezas,
Ansiando por experiências
E tuas utopias e sonhos
Parecendo tão reais!
Sem saber o que fazer,
Vejo a sede de viver
Que agora te orienta...
E vejo que você luta
E, rebeldemente, tenta,
Preencher esta espécie
De vazio-adolescente
de uma personalidade que sadia,
Mas, imaturamente,
Está buscando se afirmar!...
Faz parte do processo,
Sua identidade em crise,
Mas cuidado com os deslizes
Que poderão ser fatais!
Não pretendo ser, pra ti, modelo,
Nem isso representa um conselho,
Só te peço que reflitas,
E pares um pouco para pensar:
Porque além do horizonte dos sonhos,
Dos mega-sonhos joviais
E além do infinito dos ímpetos
E até das conquistas, estas sim, reais;
Sempre será, só você,
O princípio motor das atitudes,
Que a tua vida irão qualificar!...
No mérito ou no demérito,
No presente ou no pretérito,
Você, sempre, em primeiro lugar!
Você é dona absoluta
Dos rumos da tua Vida
Eis a maior responsabilidade
Que te será atribuída,
Tanto nesta como em outra vida!
Seja então, uma luz constante,
E não, uma estrela cadente!
Seja, você, pedaço de firmamento
E, não, de nuvem, um simples fragmento...
Esta sede de viver, tão imensa,
Que te deixa assim, tão revoltada,
Impulsiva, hiper-ativa, inconsequente...
Esta força que te faz tão intensa,
Atrapalhada, efervescente, jovial...
Esta força ativa e desgovernada,
Desequilibra, desvia, deixa tensa
E resulta improdutiva, no final
Na verdade, menos mal
Que ao final, não desse em nada!
Cuidado!
É tudo quanto te peço...
Cuidado!
Por tudo se paga um preço...
Não venho impedir teus sonhos
Nem propor-te impedimentos
Tudo o que me proponho
É te evitar sofrimentos!...
Seja ousada, seja forte,
Seja até mesmo atrevida,
Mas tempera com bom-senso,
As tuas atitudes na vida!...
Você é responsável absoluta,
Dos rumos que vais tomar
Espero que ao fim desta luta
Bons resultados venhas somar
Bons frutos possas colher
Como indivíduo, ou no coletivo,
Como ser, como mulher!
Em teu universo mental,
Espiritual, emocional, volitivo
Você é moto-contínuo
De uma jornada sem final
,
Não deixes que um breve momento
De crise existencial,
Te deixe a alma ferida
Nem que ela determine
A tua futura vida...
Não deixes que isso te leve
Por um descaminho fatal!
Ergue-te, busca as alturas
Faz do meu amor, a tua cura
Aviva-te e nunca pereça.
Estou aqui, não me esqueça,
Volta para os braços meus!
A par disso, meu amor
Quer ainda te dizer:
Lembra-te que o bom-senso
É a voz da consciência
E que a tua consciência,
É a sábia voz de Deus!
E se possível, filha minha,
Se não for demais pedir,
Aproxima-te mais desta mãe
Que já não sabe o que fazer
Para poder te seduzir...
Eu te amo filha minha...
Só quero o melhor para ti