Carta aberta a amiga Isabel Campos, do Recanto, da vida 'real'... de outros 'recantos', também...



        Bel, tu que me sabes, tu que me conheces, aqui, além, acolá... Tu que conheces esta casa e conheces minha mãe... me diz, Bel, por que já não há canto qualquer neste mundo em que eu me sinta e consiga e possa descansar? Nenhum... nenhum... nenhum... mas, como te posso perguntar isso, amiga minha... Será que algum deus ou algum Deus tem alguma resposta? Eu não a tenho... nenhuma, para nada...
        Aquele lançamento haverá sim, Bel, soube pelo 'próprio' agora pouco. Eu lhe disse de como estou mal e não recebi de volta nem sequer uma palavra de conforto, Bel, nenhuma palavra de esperança para a minha 'própria' vida, depois de tanta vida inteira perto, junto. Ontem chegou-me o outro livro dele que eu nem tive ainda forças para tirar do envelope, Bel. O telefone mudo, eu ilhada aqui... nesta ilha de silêncio eterno e de imobilidade eterna, sem mar nenhum ao redor... só com aquela eterna mesma paineira diante dos olhos, a paineira que nada me deixa esquecer, jamais... a paineira que no entanto amo, só por ela mesma, apenas por ela mesma, Bel.
         Bel, tu me pedes que eu te dê a honra de escrever o prefácio para teu novo livro de poemas, e é minha a honra toda, eu, este ninguém... Teus poemas tão belos, Bel... E eu sem palavras, mal conseguindo ler... mal conseguindo ler... mal conseguindo ler... Deus, preciso conseguir... eu preciso conseguir... Eu hei de conseguir, Bel. Ora por mim... Ora por mim... Ora por mim...

                             

Beijos da tua amiga Zuka.