O amor é mudo - FIM

Queria que fosse como um relâmpago, viesse como uma catástrofe, porque você é um desastre, mas isso é natural. Eu me concentrei porque queria que fosse como uma grande perda, de dor irremediável, mas, o que pode ser mais doloroso que o fim concreto e definitivo? Por fim, quis que fosse saudável e vivesse, mas não desprezo os ingredientes gordurosos que envenenam o seu temperamento difícil, os saboreio com a malícia que eu mesma nunca vi. Nada foi como eu quis, passado o tempo, nada é como deve ser, e tudo fica por conta da sintonia, se a sua existência for viável.

Queria que fosse o final mais feliz, mas querendo ou não, permaneça ou parta, a felicidade é o livro materializado. Não estando em suas mãos, as minhas, com certeza, irão posta-lo para que você também sinta felicidade sobre o que nunca existiu.

Eu intensifico as vontades, a medida que as noites passam, porque eu estou a beira da glória, e queria que estivesse comigo, e também sentisse, estamos completos, preenchidos pelos prazeres humanos mais simples. Eu queria te-lo conhecido no momento exato, sob o olhar dos deuses, dos anjos, dos demônios todos. Queria que tivessem nos abençoado, e depois, gostaria de ter o controle dessa exatidão para desfaze-la e deixar em nós essas marcas assimétricas.

Eu queria que tudo fosse bom como é, sem mais nem menos, e fossemos o que somos, e soubéssemos disso. Não se pede em casamento alguém que já está comprometido, e essa sou eu, comprometida em aprender as libras do nosso amor.

Gabriela Gois
Enviado por Gabriela Gois em 23/11/2015
Código do texto: T5458240
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