R. S. S.
Naquele momento tudo pareceu tão alinhado. Nos via num futuro de paixão e sorrisos, de olhares intensos e declarações cantadas, sussurradas. Nos via com tanta definição e certeza que nunca me passou pela cabeça que você não estivesse assistindo, e nem projetando, a mesma cena. Acreditei que eu seria uma estrela em seu universo. Acreditei que eu seria seu porto seguro. E as suas reações, suas palavras... tudo se encaixava tão bem no que minha imaginação fértil supunha.
E naquele momento eu te amei. Ah, como eu te amei. Te amei como nunca havia amado ninguém antes. E mais do que tudo acreditei, piamente, que você também me amava. Ou que pelo menos estava disposto a me amar.
Não sou mais uma novidade para ti. Sou um livro já velho cujas páginas soltas você já sabe de cor. Mas que erro seu pensar que não posso ainda te fazer sentir o mundo. Que erro seu não perceber que se você fosse meu, teu eu seria até meu último suspiro.
Sou inconstante, você imutável. Sou areia movediça, você terra firme. Somos tão completamente diferentes e, juntos, tão diferentemente completos.
Separados, porém, restam em mim pétalas caídas de uma flor quase morta cujo cheiro pungente de promessas jamais cumpridas perfumará minha alma enquanto perdurar minha paixão.
“If I talk real slowly
If I try real hard
To make my point dear,
That you have my heart.
Here I go
I'll tell you,
what you already know”