PARA NOSSA SOFIA.
Coloque em seu testamento o livro que com tanto amor dei a você. Dê a alguém que ama de verdade, pois assim eu fiz.
Disseste que enquanto o lia passava as mãos pelos rabiscos que eu tinha feito e assim lembrava-se de mim e de minha voz e dando gargalhadas deparava-se.
Digo lhe que grande parte dos tais rabiscos foram feitos para você, querendo te alcançar. As mesmas anotações foram feitas sob a luz de lembranças tão mínimas, no entanto, tão intensas que me vinham de sua pessoa e inatas 'estranhices'.
Então, eu ria, imaginando como eras quando criança, imaginava enfim, sua Fábrica de Doces. Ria ao pensar como seria deitar em seu peito e chama-lo de meu. Chorava no ombros de Sofia, e desejei inúmeras vezes entrar em seu esconderijo no quintal.
Acredito que ela deve existir em algum lugar deste mundo, talvez em nós.
Eu ainda borrei a obra com digitais de esperança.
Não sei o porquê, mas lembrava-me de ti a medida que virava cada folha e embarcava para uma nova leitura. Fazia do livro você, ao dormir pensando no tal, riscar e amar sem porquê.
Eu queria estar contigo, então, decidi dar-lhe um pedaço de mim sem que percebesse de imediato. Sentiu-me ao ler, porque eu também senti você ao ler. E se você riu ao se debruçar em memórias eu também o fiz.
Percebo que o amou tal como eu o amei,
eu o amei. Eu o amo.
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Em 04/01/2015, eu escrevi
'' Eu queria ver você lendo o livro que eu lhe presenteei, é o seu livro. Foi feito pra você ler, porque eu quis te presentear o meu livro, não dei-lhe um enfeite para estante, nem uma blusa, nem um guarda chuva, eu te dei o MEU livro, foi o meu primeiro presente para você, o livro que eu mais gosto, o livro que já me pediram emprestado e eu recusei emprestar.''
Meu desejo se realizou. Qual o próximo desejo que devo eu escrever?