Sem Nome.

O que faço com este gosto de cigarro na boca? Ainda tento limpar a sujeira da noite passada, os cacos estão espalhados pela casa, você não precisava ter quebrado as janelas, era só ter me pedido as chaves, eu abriria a porta pra você ir embora.

Em meio a bagunça, encontrei um retrato antigo nosso, você sorria e eu tentava sorrir, nunca entendi esta sua necessidade de estar sempre sorrindo, você dizia que eu não tinha expressão, que eu estava sempre indiferente com as coisas, com a vida, mas a vida, a sociedade sempre foi indiferente comigo, me sentia na obrigação de não expressar minha alegria ou tristeza pra quem quer que fosse, eram sentimentos meus, só meus.

Achei este cigarro em cima da mesa, tomei a liberdade de acendê-lo, sei que era seu, mesmo não tendo o costume de fumar, fumei, tentei dessa maneira garantir que sentiria seu gosto na minha boca pela última vez.

É fim de tarde e um vento leve e frio entra pela janela, meus pensamentos vagos e melancólicos, tendem minha cabeça em direção ao chão, gotas de água salgada molham minha face e umedece o sangue seco espalhado no chão, dentro do meu peito uma sensação estranha, uma sensação de quase morte talvez, não sei... mas se for mesmo a sensação de morte esta que sinto, amanhã renasço.

Luciana Limah
Enviado por Luciana Limah em 04/11/2015
Reeditado em 04/11/2015
Código do texto: T5438172
Classificação de conteúdo: seguro