amoródio - Conto Epistolar.

Você foi um completo filho da puta... demônio que me tentou. A vontade que tenho é de cuspir na tua cara, seu crápula, lhe meter a mão nas fuças, tu foste viado, vândalo, me usaste a me roubar o vigor, mas eu me recuperei. Você foi bandido, vampiro, vadio, piranha... e eu cai na tua lábia, confiei na tua laia, nem me toquei que você fosse um bosta. Ah, meu caro, mas não se engane... de nada adianta essa tua pose de canalha. Qual a graça em se vingar do destino iludindo que atravessa teu caminho? Colecionando corações? Parece até que não tem um, ou se o tem deve ser verde, imaturo, anêmico, e não vermelho, vivo, sanguíneo como o meu. Largue dessa vida de sanguessuga e vá ser feliz, querido! Deixa de lado essa marra, que isso não combina com você. Não sei o que passou... mas a vida é assim: injusta. O mundo é cruel. Porém Deus é quem manda na parada. Porque gosta tanto de ser esnobe assim? Porque se acha o melhor? Tu és nada, nem capacidade para canalha tem, Se liga, não há em ti originalidade ou quaisquer característica digna de admiração, senão de pena. És um idiota, um pobre coitado. Cafajeste? Enxerga-te assim. Mas não... tu apenas admiras e invejas os honestos e bons de coração, os românticos. E na sua incapacidade de ser tal, ilude-os, lhes dá esperanças piratas... e os abandona, assim na primeira dificuldade. Fraqueza é o teu nome, baby. O que tem você além da sua beleza? Nada! E beleza, meu amigo, um dia se esvai... o tempo é o senhor de tudo. E tua pseudo canalhice pode virar solidão; e vai virar solidão. Você vai acabar na merda; e não vou mentir: eu torço por isso. Daí então, o jeito é aceitar quem te corrompa, quem te compre... depois de tanto se alugar assim, por qualquer corpo quente, qualquer beijo frio. Sinto muito por ser assim, bijuteria barata. E que olhos vazios, que sorriso forjado... Continue editando sua felicidade para mostrar ao mundo um ser oriundo de livros de auto-ajuda. Por um lado até sinto muito se não me deixou fazer-te feliz. Cuida-te! Espero, realmente, que outrem te possa fazer tão feliz quanto eu faria... (espero porra nenhuma). Aliás, eu juro que faria de tudo para te ver sempre a sorrir. Que te poria nas alturas a toda manhã, e te amaria toda noite como se não houvesse amanhã. Perderia meu tempo contigo, daria minha vida a você, se você fosse meu... mas eu caí na tua ladainha, confiei no teu latim, pois tu me hipnotizavas. Parabéns por ter fingido tão bem quanto um ator hollywoodiano. E eu me alienei, dancei na contramão da razão, no compasso na paixão; paixão que não existia. Ah, cara, eu sinto, sim, vontade de me vingar, vontade de te matar, torturar-te como a mim tortura esse desengano. Apesar de tudo não me entristeço em te perder, pois sei que não te mereço, sou merecedor de coisa bem melhor. Aquele cara por quem me encantei, aquele que me lançou feitiço não existe mesmo... Foi apenas pra foder com minha vida que ele surgiu assim mascarando tua persona, disfarçando tua peçonha. Resta-me rir da tua hipocrisia, porque agora você diz que deve-se dá valor a quem faz questão de estar com você, que deve dá prioridade a quem te dá valor... ah, eu rio disso. Enquanto me tens como medalha, como conquista na tua lista, como troféu na tua estante, eu rio. Nem uma pedra falsa, um cd pirata, um rio sujo é tão imundo quanto sua covardia. Continue assim, dançando e cantando essas músicas que entonam um amor-próprio inexistente; que esnoba teu admirador inexistente, que maltrata o teu enamorado inexistente. A ti comparo uma harpia; medusa; aranha viúva-negra... me seduziu, me lambeu, me chupou, me comeu, me cuspiu e vomitou. Ridículo! Beijava a minha boca apenas para roubar meu ar e alimentar teu ego. Isso é porque tu és vazio. E tua vida será vazia... Um dia sentará num parque qualquer, num gramado qualquer, olhará para o céu, verá o imenso azul e se lembrará que você preferiu desistir, e que eu vou achar outro alguém a quem doar todo meu amor, porém tu não acharás outro tão apaixonado pelo fato de se apaixonar feito eu. E você estará tão vazio quanto teu peito, sem coração; tua alma, sem sentimentos. Infelizmente, serás eternamente esses olhos vazio, que nem os anjos serão capazes de confortar. E não, eu não te amo. Amei-te eternamente enquanto durou a mentira. Mas a verdade reinou. Fim.

Rodrigo Amoreira
Enviado por Rodrigo Amoreira em 26/10/2015
Reeditado em 31/10/2015
Código do texto: T5428182
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