A Carta que você deveria escrever para mim

Sinto que poderia reconhecê-la de olhos fechados, na escuridão total, até mesmo se a visão eu perdesse, ainda assim, saberia identificar cada pedaço do seu corpo, cada detalhe atentado apenas por quem ama honestamente e grava em memórias e sensações tudo que nem parece importar, mas define o grau de interesse. Amo a pele macia, que ao meu toque, arrepia, provocando em mim reação igual. Amo seu cheiro, não o perfume doce, talvez uma das únicas coisas que diria não gostar em você, falo do seu aroma natural, do suor, fruto do nosso prazer, a saliva que me cobre em beijos ardentes e lambidas, capazes de me transportar ao céu. Acho que é bem pra lá que vamos todas as vezes em que juntos, nos tornamos um. Amo a liberdade expressa em cada gesto, não precisa de tipo, não comigo, sem personagens, aqui é vida real e para uma vida real, nada melhor do que uma mulher de verdade, que se entrega quando quer e como quer, sem medo do que possam supor sobre o seu passado amoroso, todos temos um. E ciúmes a parte, se os caras que tiveram a honra de levá-la pra cama contribuíram para formar esse vulcão de sensualidade, agradeço a cada um deles, mesmo porque, a erupção, é agora exclusividade minha. Amo a voz doce, que é doce ao me chamar de "príncipe", "ursinho" e "amoreco" - precisamos mesmo conversar sobre apelidos românticos - e mantém a mesma doçura ao me mandar "tomar... naquele lugar que em mim nunca foi explorado... é... teve aquela vez, mas pedi que não se repetisse, não que tenha ficado bravo, apenas deixe o meu conceito de fio terra limitar-se a instalações elétricas, vamos com calma, meu amor. Amo os buraquinhos localizados na parte lateral das pernas e no seu bumbum, chamam de celulite e te apavora, eu sei, mas não liga, eu não ligo, você é gostosa com ou sem furinhos, eu nem sei o que é culote, estou me lixando pros dois quilos que pensa ter que perder e nunca direi que está gorda, mesmo se achar, não vai ser pra agradar, mas o meu amor não cresce a cada grama perdida, tampouco diminui se por culpa da TPM - e das guloseimas para aliviar o estresse -, os números na balança aumentam. Amo a sua positividade, a síndrome da Poliana, que a faz ver o lado bom do que nem sempre possui um lado bom, tenho mais segurança para encarar o mundo quando me diz que tudo vai dar certo e geralmente dá. Amo porque me ama, amo porque antes de ti, a vida era boa, depois, ficou melhor, fiquei melhor, ficamos melhores.