Mais outra carta para um Mestre e Doutor (4ª carta)

Enquanto carros correm de um lado para outro, os alunos fazem um zigue-zague sobre o asfalto liso e muitas vezes molhado, para driblar dos carros circulantes, ao atravessar uma avenida. O aluno corre em busca de uma mensagem para o conhecimento. Uma mensagem para salvar sua vida entre o conhecimento e o congestionamento. Uma mensagem simples, com duas cores, uma verde e outra vermelha.

Outra mensagem foi publicada em um jornal de grande circulação na cidade. A mesma outra mensagem foi publicada no jornal da agremiação estudantil. A mídia interna, o House organ estudantil contou com a leitura do corpo docente e corpo discente, da diretoria e das coordenações. A mensagem outra em formato PDF, como original da mídia impressa, circulada nas bancas, foi enviada por e-mail à sede da instituição. Tendo com retorno de mensagem apenas uma palavra, de profundo incentivo e consternação pelo fato: “legal” (sic).

Comentários pelas ruas e avenidas. Comentários em sala de aula e comentários pelos corredores que levam às salas de aulas. Comentários pelo pátio da instituição. Nada mudou e nada aconteceu. Os supostos autorizados a tomar uma decisão, a fazer um posicionamento, continuaram posicionados onde estavam. Continuaram em suas cavernas.

As feras do conhecimento, e do poder administrativo, atravessam o pátio acadêmico com semblantes de ocupados e apressados. Como um animal presa com pressa. Atravessa correndo as savanas, com olhares preocupados com seus predadores, que podem surgir a qualquer momento, entre as folhagens. Um aluno também pode surgir entre as folhagens a qualquer momento. Entre as folhas de livros, de cadernos e de fotocópias. Com ideias, cartazes e panfletos. Com manifestos escritos e manifestações teatralizadas.

Alunos fizeram um teatro, um manifesto ao problema na travessia da avenida. Diante dos veículos transitando na avenida, ali foi seu palco. Teatralizaram como mídias humanas, e corpos vivos como veículos de comunicação. Mostraram suas dificuldades como alunos, de pessoas que não podem competir fisicamente com um veículo automotor conduzido em velocidade. Problemas de cidadãos e de pedestres, de passageiros que desembarcaram de um coletivo. Uma cidadania do direito de ir e vir. O teatro fez sua apresentação na pista e fechou suas cortinas. Passaram os dias, passaram os semestres, passaram os anos, o problema é recorrente. Fecharam os olhos como cortinas, diante da cena diária, e da única e inédita apresentação teatralizada.

Aqueles que vivem boa parte do tempo do dia em ambientes fechados e isolados, ficam com uma visão limitada. Não conseguem enxergar muito longe, nada que

ultrapasse aos poucos metros que tem de visão á sua volta. Só enxergam o que acontece à sua volta, seus círculos diários de vivencia. Seus músculos oculares se atrofiam impedindo de movimentar o globo ocular para que a pupila mire para olhares distantes.

Graus e lentes se tornam necessário. Muitos se graduaram e pós graduaram, e por fim se acomodaram com o ultimo grau atingido, em lentes e ambientes. Um dia com um choque térmico dos ambientes climatizados com a temperatura ambiente nas instalações comuns, para todos os corpos: docente, discente e funcionários. Acometidos por uma midríase de espanto hipertensivo mostram em espasmos frenéticos suas surpresas quanto a um fato, buscando um infeliz para pagar o pato.

Um exemplo de visão ao longo da história. Podemos identificar e percebemos facilmente com os holandeses. A Holanda tem seu território rodeado de diques para impedir que as águas invadam seus terrenos baixos. Com os diques, os holandeses ficam impedidos de mirar o horizonte. Holandeses ao longo da história, na época do descobrimento, estiveram no Brasil e se instalaram em Recife. O litoral de Recife possui arecifes que impedem de avistar a linha do horizonte, tal como em seu país distante. Pintores holandeses raramente pintam paisagens, estão mais propícios e tendenciosos a pintar corpos e rostos próximos. O símbolo de uma grande empresa petrolífera holandesa é uma concha. Um símbolo do fechamento e do isolamento.

Um empreendimento holandês, ou com nome de holandês, bem poderia tentar adquirir um imóvel abaixo do nível de uma avenida, ou destacando-se em uma mesma avenida como um moinho se destaca em um campo. Um imóvel com mais altura do que largura.

Portugueses procuram esquinas como a esquina do Rio Tejo com o mar. No Brasil primeiro se instalaram em abrigos naturais como angras e baías: como baía da Guanabara, baía de Todos os Santos e Angra do Reis. Percorreram o litoral brasileiro, procuraram esquinas como a esquina do Rio Tejo em Lisboa, procuraram rios ao longo do litoral. Encontraram as esquinas tão procuradas, e fundaram o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul.

Na Avenida Roberto Freire (Natal/RN), um português se instalou mais próximo ao mar, quase na esquina, da avenida com o mar. Um holandês adentrou o continente, procurou um abrigo, mais adiante, que lembra um moinho, com mais altura do que largura.

Um americano, laureado pelo povo local, procurou um campus maior, com uma pista de pouso próximo, lembrando o Campo de Parnamirim, quando se instalou no período da guerra, no município vizinho. Instalou-se na avenida entre o português e o holandês. Tal como quem quer estar sempre por perto e saber o que acontece a sua volta, saber o que seus vizinhos fazem e como fazem.

O planeta gira e a historia se repete, como se repete os dias e as noites, que mesmo sendo repetidos não são idênticos. E da mesma maneira é a história que se repete sem ser idêntica. Sem ter o mesmo cenário, podendo ter variações e diferenças nos atores e nos personagens.

Problemas na vista, diante da visão, e na porta de uma instituição. Como a instituição não buscou soluções para problemas externos, talvez pudesse resolver algum problema interno. Entende-se então, que não haveria problemas internos. E se existissem ou surgisse, rapidamente pudessem ser resolvidos. A instituição então buscaria mais soluções para problemas internos. Pois um questionário é feito para pesquisar e identificar problemas encontrados pelo ponto de vista do usuário do sistema e das instalações, o aluno. Identificados os problemas, daí a instituição fecha-se em concha. Isola o problema invasivo e transforma em uma pérola. Agrega valor a um problema mostrando-o como uma pérola de valor.

Esta dentro dos currículos dos cursos aprenderem a fazer a analise SWOT, a Matriz FOFA (Forças – Oportunidades – Fraquezas – Ameaças: fatores ou oportunidades que provoquem forças ou ameaças; focos e olhares para fortalecimentos e avanços; o que foi feito ontem fortalece o amanhã). Assim buscando identificar problemas de origem interna e origem externa, para então buscar estratégias de soluções. Problemas que podem se tornar uma ameaça ao seu desenvolvimento e seu estabelecimento. Supõe-se então que se não for capaz de resolver problemas externos, que fosse capaz de resolver problemas internos, aqueles dentro de sua concha.

Não só a analise SWOT é ensinada, mas também missões e visões. Uma instituição educacional deve buscar missões e visões sobre aquele que é o seu patrimônio mais exprimível, um patrimônio moral e intelectual. Um patrimônio que leva seu nome para as ruas e avenidas, indústrias e comércios.

Afirmando novamente que a grande mídia do momento é a internet. Um meio que não envia pacotes e muito menos envelopes transportando volumes e valores como conteúdo. Uma mídia sem critérios de despacho aduaneiro ou bucaneiro. Franqueadas a todos, a quem posta e escreve e a quem investiga e quer ler a mensagem.

Como a internet é a principal mídia do momento, esta missiva consta na internet, onde as ideias e pensamentos ganham adeptos e leitores, volumes e valores. O mundo vive uma globalização e todo conhecimento deve ser compartilhado.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 16/07/2014

Texto produzido para: Internet – Blogs e Sites

TEXTO DISPONÍVEL EM

http://www.publikador.com/estudosacademicos/maracaja/2014/07/mais-outra-carta-paraum-mestre-e-doutor-4a-carta-2/

CMEC/FUNCARTE Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes Natal/RN

Roberto Cardoso

Jornalismo Científico FAPERN

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 09/10/2015
Código do texto: T5409071
Classificação de conteúdo: seguro