Desabafo
Como posso sorrir se tudo por aqui só me faz chorar,
A noite quente se faz fria, a chuva esperada me deixa acordada,
Meu pranto deixo por todos os cantos em que possa passar,
Onde me esconder?
Nos becos escuros não seguros?
Para descansar me escondo atrás dos muros,
Meu coxão tao duro e frio, um papelão no lixo de mais um riquinho.
Olho para o alto e viajo em minha imaginação,
Daqui do chão é possível ouvir as gargalhadas que vem do quarto andar,
é um pai com seu filho a brincar,
A saudade me invade, mas não quero nem posso voltar
Sai de casa pois já estava saturada,
nada de novo acontecia, sempre a mesma agonia,
contas e contas a pagar promessas que nunca poderiam se realizar.
Cansada de tudo, este mundo imundo,
onde alguns tem de tudo, são como donos do mundo,
e na horizontal bem distante do real, estão aqueles que tanto trabalham,
e outros que precisam escolher, compro roupa ou o de comer?
Más o que dizer, ou a quem recorrer, pois os que se encontram no poder esqueceram-se do povo e sua meta é enriquecer.
Sabem que deste lado existe carência, mas é assim que tem que ser, pois alguém tem que trabalhar pois estes precisam aproveitar.
Sai para não pagar mais nada, hoje vivo na estrada
Cansei de tudo, me entreguei aos braços do mundo.
Hoje chego a conclusão, escória não é os que aqui nas ruas estão,
São eles que com sua leis nos matam aos poucos, sua principal arma é o maldito imposto.
Quer queiramos ou não, morando em uma arranha céu ou barracão, somos lesados, por leis que nós povos já mais teríamos apoiado.
Este é meu grito, e o mais esquisito, é que nunca será ouvido.