Uma carta a minha mãe.

Olá mãe,

Queria começar te agradecendo por tudo que você já me fez e não seria cliché dizer que o mais importante de tudo foi a vida que você me deu (você e Deus). Queria te dar os parabéns por ter me aguentado na infância com todas as birras, brigas e choros, por que eu queria ou não queria alguma coisa, que me faria bem ou mal. Queria te dar todos os abraços do mundo pelo amor e carinho na minha adolescência, por perdoar todos os meus palavrões e todas as crises de choro que tinha (e ainda tenho), quando estou nervosa ou na tpm.

Eu sei mãe, que apesar de ter todas as palavras do mundo em meu poder, nenhuma delas abre o espaço necessário para dizer o quanto eu te amo ou o quanto você é importante para mim. Todas as vezes você esteve lá, nas alegrias das vitórias e nas dores da derrota, eu olhava pro lado e você sempre esteve lá. Com seu pulso firme e autoritário, me mandando ser assim ou não ser assim, tudo numa tentativa muitas vezes vã de me proteger desse mundo louco.

Pois é mãe, eu cresci e tenho certeza que vou ter momentos bons e ruins pela frente, que vou aprender muita coisa e ainda mais, descontruir muita coisa que já aprendi, afinal, você me ensinou, que nosso conhecimento ninguém tira e eu aprendi que posso aprimora-lo e me tornar cada vez melhor.

De todas as minhas imagens de infância eu escolhi uma como predileta, acho que nunca te contei isso, mas quando conheci o mar pela primeira vez, você me ensinou duas lições dignas de roteiro de cinema, uma era respeitar a imensidão daquilo que era maior do que eu e a outra saber meus limites, ali eu deveria aprender que ir além de onde meu pé alcança poderia me matar, mas hoje eu vejo, que esses limites se expandem para algo maior e mais profundo que o mar.

Obrigada por ser minha mãe, obrigada por ser chata e aprender que essa palavra pode ser traduzida como cuidado. Mas mãe, preciso que você entenda algumas coisas. Preciso que você veja que sua filhinha que andava vestida de boneca e com maria-chiquinha, já tem 24 anos, mesmo que idade não signifique muito para você, a maturidade da minha dor e dos meus sofrimentos de 24 anos, tem que significar. Aprendi muito pela dor, muito. Aprendi principalmente a ser forte, e lembra do mar, mãe? Aprendi a respeitar meus limites e a navegar minhas tempestades e admirar minhas calmarias.

Obrigada por ser a mãe que muitos filhos oram por ter, mas entenda, está na minha hora de ir e navegar novos mares, com outros limites. Mas não se preocupe meu porto sempre será com você, em você.

Te amo hoje, ontem e sempre.

Flávia Alvine
Enviado por Flávia Alvine em 06/10/2015
Código do texto: T5406453
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