Cartas para alguém distante!!

05-10-2015

Oi!

Você deve se falar, tanto tempo se passou e ele ainda remoendo essa história. Mas não é bem assim. Apenas estou pouco a pouco tentando tirar esse sentimento louco que eu sentia por você. Estranho? Nada, existiu e existe muito de você ainda aqui..

Disse para mim mesmo que jamais escreveria algo sobre você... uma porque você deve estar em outra e não se importar mais, outra, é porque eu preciso colocar isso para fora, para ter mais espaço para mim mesmo ou para novas histórias... Mas não posso negar de tirar de mim ainda o pouco que existe de nós. Quero de verdade estar livre para continuar a viver sem ter medo do passado, ou de lembranças que teimam em ficar.

Como diz a música, “o meu maior medo era acordar e não ter você do meu lado”, ou perceber que o tempo passou, e que em uma das tantas encruzilhadas da vida, você pegou uma outra estrada... Mas hoje não é bem assim. Aprendi e estou aprendendo a cada dia essa nova imposição que a vida me pôs para viver, e sinceramente, acho isso o melhor a fazer.

Acredito que ninguém lida bem com o fim do amor. Nem um Buda saberia se despedir sem sofrer, muito menos eu, que sou um ser humano cheio de emoções à flor da pele. Mas, antes de mais nada, devo entender que dor e raiva são dois sentimentos suportáveis quando separados, mas corrosivos quando sentidos juntos. O fim do amor não é quando o relacionamento acaba. Essa é só a sentença, a assinatura, a burocracia. O sofrimento já veio antes, mas ficou represado no comodismo da vida planejada com direito a canteiro de flores e projetos de encontrar um dia o dito amor que todos esperam ter....

O adeus destrói a contenção e inunda o terreno seguro. O passado não mudou. Mas a sua perspectiva sobre ele, sim. O fim do amor embaralha os sentidos. Faz pensar no outro como a melhor criatura do mundo mesmo quando há tempos você já pensava em partir para outra. Ele vai ser o amor da sua vida e todas as vezes que você desejou outro cara vão desaparecer da sua memória num passe de mágica. Era ele, tinha que ser ele, era absolutamente certo de que seria ele. Quando a raiva sair de cena, quando a vontade de esmurrar a porta passar, no palco estarão protagonizando juntos, a mesma cena, você e o que você sente. Como numa dessas peças de improviso, em que nem um nem outro sabem qual é o próximo diálogo, o próximo movimento. E aí você vai saber que a vida continua. E daqui a alguns dias você pode precisar ler tudo isso de novo, porque um novo amor pode chegar, mas também pode partir novamente. Essa é a trama da vida.

Hoje eu percebi que é muito estranho ver que aquele alguém especial é alguém que nos faz sentir vários tipos de saudade. Saudade da rotina de todo dia ter um “bom dia”. Saudade dos links com vídeos engraçados ao longo do dia. Saudade do tipo de piada, do tipo de risada. Saudade até mesmo das brigas e discussões. Eu lembro do que a gente combinou. Mas hoje eu vejo que não fui capaz de cumprir. Eu bem que tentei, de todas as formas, eu tentei, mas eu ainda não sei como controlar parte da minha vida.

Se eu pudesse escolher, com certeza não voltaria mais no passado, porém sei que não consigo controlar as batidas do coração quando penso em você... No começo estava tudo tranquilo para mim. Eu sabia onde estava me metendo e até onde eu poderia me enfiar. Mas no começo é sempre assim mesmo, né? A gente pensa que tem controle até vermos o quanto estamos descontrolados. Eu lembro do que a gente combinou. Lembro de ter me dito que a gente deveria ir devagar, pra gente ir vivendo aquilo de um dia de cada vez, eu lembro e concordo com tudo, e o pior, eu tentei de tudo. Tentei não me envolver e te ver como alguém que só me via também, coisa simples, poucas raízes, até eu começar a sentir, e me apaixonar loucamente por você.

Hoje eu não sei muito bem como sair disso tudo e aceito que o problema é meu. Ainda estou me acostumando com a ideia de chamar de problema o que eu chamo de solução. É que, sabe, é tão difícil ter freios ao se dedicar; dizer para a cabeça ter calma e eventualmente não responder aquela mensagem assim tão rápido. Vivo no acelerador e sei o mal que isso pode me fazer.

Eu percebi que sei pouco do muito que penso já ter vivido. As lições que aprendi são tão pequenas perto das que ainda tenho para aprender. Eu pensava estar fazendo certinho e te dando espaço, mas a minha boa intenção é o que hoje machuca o meu coração.

E eu lembro de cada palavra do que a gente combinou. Aceitei como um manual de instruções para ler depois, mas como todos os manuais, nós nunca lembramos de ler. E por isso raramente lembrava do que a gente combinou. Ao invés de me deter, eu sempre preferi ser alguém que te fizesse bem.

No fundo eu me imaginava como a exceção da sua vida. Me imaginava quebrando seus protocolos e te surpreendendo. E o que fiz para tudo isso foi só me dedicar um pouquinho por dia. Por mais que não tenha parecido, você não faz ideia das vezes que pensei te revelar amor mas preferi esconder para não te pressionar; não faz ideia das vezes que queria te perguntar como foi o seu dia e contar um pouco do meu, mas preferi não te atrapalhar te deixando respirar um pouco mais...

Seria demais eu pensar que sou a pessoa certa na hora errada, principalmente por eu pensar que essas coisas não têm hora – muito menos a hora errada. O amor não se encomenda. Eu não escolhi começar a gostar de você. Não me obriguei a te ver diferente.

Eu lembro do que a gente combinou. Mas eu prefiro viver o que a vida já me ensinou: seguir o que sinto ainda que não sigam comigo. Agora não, mas logo vai ficar tudo bem.

Sabe, enfim a vida me mostrou que ela mentiu para a gente quando disse que o amor acaba. Ele se metamorfoseia, ou seja, ela vira lembranças bonitas. Mas não acaba nunca, porque vai estar em você, em mim, para sempre e em paz. Ainda bem não é...

Hoje a vida escreve nossas histórias…e nos pressiona a passar a borracha sobre tudo o que vivemos... como diz o poeta “ vai ficar apenas resquícios do que foi vivido...”

Eu poderia falar e escrever muito mais para você sabia, mas acho que posso parar por aqui...a tinta da caneta acabou, vou escrever nas minhas memórias e quem sabe, um dia, volto a te escrever mais, quem sabe um dia...

No fundo eu queria que nada disso tivesse acontecido, porque mais que o amor, a saudade, essa sim machuca!!

Fique bem viu!!

abrçs

Geová A. C.

Geová Ceriani
Enviado por Geová Ceriani em 06/10/2015
Reeditado em 06/10/2015
Código do texto: T5406017
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