Ao mestre, com carinho
Franco Adércio,
Graças a boa vontade da boa Lúcia Rodrigues, amiga desde os tempos de Camões - leitura não obrigatória, então - consegui seu endereço postal e as boas notícias que vêm daí. E faz meses isso, porém, na hora de escrever, como é que consigo me organizar idéias, localizar o
endereço e fazer a pena deslizar?
Assim, recorro novamente à Lúcia para fazer-lhe chegar esta, certamente mais expedita, independentemente de selo ou escrita. Creio que eu estava na Polônia, entre 80 e 85, quando retomamos por algum tempo nossa correspondência. É hora de atualizar alguns dados, biográficos sobretudo.
Quanta água não há de ter passado aí por baixo da ponte do Itapecerica, como também, naquela longínqua e brumosa Varsóvia, por baixo da Most Poniatowskiego, a mais antiga ponte a cruzar o Vístula e que ficava a pouco mais de uma centena de metros de minha primeira
residência na capital do polacos.
Desde então fui parar no Canadá, na Indonésia, de volta ao Brasil entre 90 e 94 e nova saída, Cingapura, Londres e retorno a Cingapura, desde agosto de 2000. Quiçá no ano que vem os bons ventos me reconduzam ao Brasil, se não virar a canoa pra outro destino a proa.
Mas o mais provável é mesmo meu retorno a Brasília, para pelo menos mais um par de anos. Divinópolis, essa abençoada terra, há de estar no meio do roteiro. Afinal três anos aí passados não têm como ser olvidados.
Graças à intercessão de Lúcia - e suas descobertas (tenho a impressão de que em encarnações passadas ela bem poderia ter sido o Gama) consegui retomar contatos com velhos amigos dessa divina urbe. Osvaldo André me brindou com duas obras suas, com dedicatória e agora é Míriam Pirfo, la professoressa di italiano, que se dá ao trabalho de responder missiva minha. Na língua de Dante. Não é emocionante?
Guardo as melhores recordações discentes de um vero Camoniano mestre. Espero que possamos retomar a aventura dos Lusíadas, em prosa ou verso, temperadas por redondilhas e sonetos.
abraço grande,