Eu, a escuridão e meu sol
Quando você foi, eu fiquei no escuro. Sentado aqui. Tentando entender o motivo. Imaginei todas as hipóteses possíveis.
Percebi que passou o tempo, e vi que não irias mais voltar. Minhas costas já doíam pelo tempo sentado, minhas pernas estavam dormentes.
Levantei-me e resolvi seguir nessa escuridão, tateando o espaço, afinal, eu estava num novo meio e precisava me adaptar à ele.
Depois de muito andar, minhas pernas doíam pelo esforço, resolvi me sentar mais um pouco. E chorei.
Chorei porque não sabia qual distância havia percorrido. Chorei pela frustração de não ter luz para ver onde havia água para saciar minha sede. Chorei porque faltava tudo. E esse tudo era você.
Foi quando ouvi um choro.
Aquele choro não era eco do meu. Era um choro triste, melancólico, seco, frio, um choro como de morte...
Senti que sabia que era de alguém que conhecia. Podia sentir que as lágrimas que rolavam pelo rosto dessa pessoa, já havia pingado em meu ombros. Várias delas!
Então, algo como a alvorada do dia surgiu no horizonte que cria ser o leste. E eu pude ter a certeza de que aquele choro era de alguém que amo.
Levantei-me e sentei-me ao seu lado. Ele se agarrou em mim, e voltei a sentir o calor das lágrimas em meu ombro.
O sol já estava quase fora do horizonte quando ele me olhou e chegou perto de mim, me abraçou e me beijou.
Quando em fim o beijo terminou, percebemos que o sol já estava no meio do céu, como se estivesse sorrindo.
Agora, podia ver as estradas, o chafariz, a macieira, a vaca que pastava, os pássaros que cantavam, as formigas que seguiam em fila.
Sem nada a falar, demos as mãos e seguimos pela estrada principal.
Nunca mais houve a noite sem estrelas ou lua. Era apenas eu e meu amor, meu sol, minha vida, indo rumo ao horizonte, em busca da praia do amor.