Erro

Acordo num quase fim de agosto com um único pensamento: vai dar errado.

Eu não sei porque diabos eu sempre imagino as coisas da pior forma possível, como se nada houvesse saída. Fico impossibilitada. Incrédula.

Talvez as pessoas demonstrem isso.

Talvez o problema seja eu.

O número de dúvidas inalcançáveis enchem as minhas gavetas que já não podem se fechar mais. O impacto de como as coisas acontecem me causa náusea e desespero.

Onde eu estou?

O tempo todo. Sei lá. A vida é um vai e vem de incertezas e eu não sei lidar com nada disso. Parece que é mais fácil pro resto do mundo.

Eu devia viver arbitrariamente todas as coisas que quero e simplesmente não pensar?

Impossível não pensar.

Perco o sono, a fome, a vontade, a paciência, o equilíbrio...

Eu me perco.

Vivo num emaranhado de coisas que poderiam ter sido.

O problema é que eu tenho uma forma de pensar assustadora: quando creio que pode dar tudo errado no fim, costumo não querer nem começar. Sou o pior tipo de pessoa. Eu desisto antes de tentar.

Com essa forma avassaladora de viver, continuo meu trajeto de todos os dias. Quando abro os olhos de manhã, me vem uma coisa à mente: você.

Engraçado é que antes eu não tinha isso. E era mais triste.

Hoje o mundo é cinza ainda, porém com um girassol no canto esquerdo da alma.

O que me deixa inquieta é saber que cuidar de plantas não é nada fácil. Todos os cuidados que são precisos, todas as fases que se deve esperar... Será que estou pronta pra isso?

Ah.

Mas hoje eu acordei num único pensamento: vai dar errado.

Você deve me questionar agora: você quer que dê errado? É isso?

De forma alguma.

Eu nunca quis que nada desse tão certo como você florescer na minha vida. Enraizar-se.

Você pode passar todas as fases que quiser. Dar os frutos. Apodrecer, secar-se na tua estação...

Mas fica.

Crie raízes profundas.

Com essa memória falha e tão pobre, eu ouso prometer me lembrar de regá-lo todos os dias.

Se eu estiver errada, como tenho dito, deixa-me errar nas tuas labaredas.

Arranque-me o ar dos pulmões quando necessário.

Perdoe a minha tristeza.

E meu ódio desvairado.

28/08/2015

Laynne Reis
Enviado por Laynne Reis em 03/09/2015
Reeditado em 03/09/2015
Código do texto: T5369282
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