Carta a um leal adversário... Cap.Cav. Heitor Aquino Ferreira.

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CARTA A UM LEAL ADVERSÁRIO. Cap.Cav.Heitor Aquino Ferreira.

Postado por aecio kauffmann colombo da silva em 19 agosto 2015 às 18:00

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Meu caro Heitor

Reconheço que as cartas desta ordem e tipo carregam sempre consigo uma carga desconfortante de impertinente-imprudência e estão, via-de-regra, destinadas ao lugar comum,

que é a cesta-de-papéis.

Reconheço que, após tantos anos e com uma aura não muito recomendável, ao menos segundo o que se diz "pela aí”, vou parecer desabusado.

Meio "furão” ao chegar e a dar a impressão de que estou a portar uma lustradíssima cara-de-pau, destas que estão a merecer primeira página em anuncio de óleo de peroba.

Contudo se me parece que não me resta nenhuma alternativa senão a de enfrentá-lo sem pedidos de escusas às mãos ou desculpas esfarrapadas, que menos se aceita ou menos se espera daqueles que, como eu, sempre arrotaram aqui e ali, um pouco de agressiva sinceridade.

Conheces e bem o meu posicionamento desde á época das vassouradas na espada.

Desajustado, segundo uns. Perdido ao fio-da-história, segundo outros, mas desajustado ou perdido, sempre coerente.

Sempre leal aos meus próprios princípios. Sempre firme às minhas convicções.

Contudo sabendo e sempre, reconhecer e apontar o erro encontrado onde ou em quem fosse e, às vezes, em mim mesmo. E, aí, nunca senti pejo em reciclar-me, em contradizer-me, em reposicionar-me ou mesmo "bater no peito em mea culpa. Mea máxima culpa".

O sentido e o gosto pela análise dos dados estatísticos e a acuidade na interpretação dos fatos ou coisas da palavra escrita, na qual me iniciastes, muito me tem servido pela vida a fora.

E nunca me surpreenderam coisas e fatos, já antecipados pelo criterioso estudo dos elementos essenciais da informação, que me permitiram estar sempre com a minha "arca" em bom estado de conservação, embora,quando em vez, eu tenha sido atingido por imposições que escapam ao raciocínio comum, mas ditadas pela imperiosa necessidade de eu visse e aprendesse com a minha própria experiência.

E isto sem sombras de dúvidas aconteceu e me emprestou um amadurecimento de que sou, e só os deuses sabem do quanto, sou eternamente agradecido ao fado.

Todo este blá-blá-blá se tornou necessário para que pudesse justificar, agora, a satisfação com devorei e risquei todo o teu artigo (a Arca de Noé) na Revista do Clube Militar.

Em cada palavra, em cada oração e em cada parágrafo um alerta e, no artigo, uma mensagem da mais absoluta transparência. Cristalina mesmo, para usar do adjetivo Bomfigliano.

E então se me pareceu que o propagandista da operação Pan-Americana. O Tenente que levou a alta cúpula governamental dos anos sessenta a considerado Professor Joel Celso Dantas (o autodidata do nordeste) como um Self-Made-Man, estava a merecer o meu modesto reconhecimento.

A presença do estímulo, não dos seus companheiros de equipe, mas de alguém que embora com as chuteiras dependuradas, tenha sempre suado amadoristicamente, um camisa adversária.

E aí a razão do meu telefonema. E aí o objetivo desta carta (que não reviso), pois a autocrítica é capaz de vetar-lhe a remessa.

E agora sim.

6a.sessão com ela.

Com os meus respeitos aos teus-que Deus guarde-.

Atenciosamente,

Aécio

kauffmann
Enviado por kauffmann em 19/08/2015
Código do texto: T5351987
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