A CARTA DA SEMEADURA

CARTA ESCRITA UM DIA DESSES

Veja só como a vida é feita nas relatividades, antes leria este e-mail na ânsia de respondê-lo, tentando machucá-la, ou tentando de alguma forma vencer uma guerra feita pela minha própria mente. Pobre homem que sou! Eu tenho sido mais do que aplicado nas minhas rotinas em busca de me curar por inteiro. E os exercícios não são fáceis (entenda, não quero contar-lhe minha vida, apenas estou formulando minha resposta), mas ler este e-mail por umas cinco vezes seguida, e, a cada leitura um universo novo se abrindo no campo físico e espiritual, me fez perceber de fato, quão doente eu fui, sou e espero no futuro, não ser.

Mas lembranças a parte, e me atendo apenas na essência do que você escreveu. Eu sou hoje o homem que vive uma colheita fértil, plantei todas as semente ruins possíveis, sobre a minha vida, nas minhas relações com você, com a igreja, com meus filhos e família. Cada dia como um fruto do que colho, uns dias amargos, outros menos nocivos, mas no geral, eu sou o fruto de um passado desconfigurado.

Eu hoje sou fruto de escolhas erradas, que me fizeram assumir outras escolhas erradas, e hoje eu ando no caminho de esperar entender e receber tudo que eu fiz.

Realmente eu não sou Deus! Ouvi esta frase do doutor, quando lhe explicava de como eu tentava manipular as coisas. E hoje eu começo a compreender que eu não deveria ter excesso de ação, pois a inércia também é benéfica. Ainda falando em semeadura, há momento que a terra precisa de descanso, de inércia, de espera. Este é o meu erro, plantar, arar, adubar e depois querer acelerar o processo com agrotóxico.

Tudo que eu tenho para falar, são coisas da minha alma, e não quero mais apurrinhar você, sua mente, seu espírito com minhas coisas. A Sofia não é a mesma comigo e o culpado sou eu, assim como você também se machucou ao ponto de preferir sempre distanciar de mim.

Seus sentimentos são seus, não quero interferir em mais nada, não quero provocar mais choro, mais dor. Meus últimos e-mails são mais dotados de arrependimento pelo que fiz do que desejo de lhe fazer algo novo. Não quero. Ninguém merece isso.

Um dia, não sei quando, se dias,meses, anos...ou num outro plano, eu ainda lhe encontre e lhe conte tudo. Tudo como foi dentro de mim, sem o sentimento que possa fermentar uma conversa, quero lhe contar como a pureza de quem evoluiu em alguma coisa.

Minha busca é sim a cura. É me preparar para fechar os olhos sem peso.

Eu agradeço pelas suas palavras, lerei sempre como mantra pra alma , como parte de um tratamento em que digerir a verdade é melhor do que ouvir os elogios inflamados.

Poeta Vivo
Enviado por Poeta Vivo em 19/08/2015
Código do texto: T5351944
Classificação de conteúdo: seguro