Um dia já chamei de amor
Sabe, caro cidadão? Por dias, ou meses, andei pensando em algo pra escrever. Dou início a esse relato com um conselho para o mundo (embora se fosse bom, não seria dado e sim vendido): que as pessoas jamais jurem aquilo que não forem capazes de cumprir. Como um mero mortal que erra, que falha, que tropeça, que cai, eu fiz um juramento. Na última vez que me viu chorar por você, ou por nós dois, ou simplesmente por nossa história, eu jurei pra você e também pra mim, que você jamais voltaria a me ver chorar por sua causa. Indo além, jurei pra mim mesmo que não escreveria nada que me remetesse a tudo o que vivi ao seu lado, fossem boas ou ruins as lembranças. O primeiro juramento eu segui à risca. Por mais que tenha sabido que voltei a chorar, não mais viu; principalmente depois que retornei ao lugar de onde, talvez, não devesse ter saído. O segundo, mesmo que indiretamente, quebrei algumas vezes. E definitivamente estou fazendo com que seja totalmente quebrado agora. Eu sei que essas palavras não fazem o menor sentido para todos que agora as leem. Como não faria o menor sentido pra você, sendo que talvez você nem venha a saber de sua existência. Porém, para mim, elas fazem todo o sentido. Por ser a primeira vez depois do fim que eu realmente abro o meu coração. Hoje, minha opinião a seu respeito é a de que você é um completo babaca, sem noção alguma do que é de fato sentir algo por alguém; mudar toda a sua vida por outrem. Não sabe sequer o que é abdicar de seus próprios sonhos pelos sonhos em comum, muitas da vezes menores do que cada um dos individuais. Mas, mesmo sendo esse babaca, eu jamais poderia fugir do fato de que é o que eu mais amei na vida. No que eu mais acreditei. No que eu mais apostei, todas as minhas fichas. Aquele por quem eu paguei um preço caro demais pra minha idade e para seu merecimento. No começo tudo foram flores, festas, aquele verdadeiro "mar-de-rosas". Mas tudo tem um fim, certo? Conforme você mesmo jogou na minha cara várias vezes, tudo muda. Tudo passa. Mal sabia você, ao afirmar tudo isso, que um amor verdadeiro demora a passar. Apesar de passa. Demora. Às vezes, muito tempo, requerendo forças sobrenaturais, paciência ainda mais. Sou prova viva disso. Você conhecia cada uma de minhas dores, ouviu meus relatos de muitas das cicatrizes que me foram causadas; pela vida, por algumas pessoas e até por mim mesmo. Ainda assim foi tolo, foi covarde, foi ingrato; causando a maior dor, ou vazio, como queiram chamar, de minha vida. Derramei muitas lágrimas ao longo dos últimos anos. Trancafiei-me em várias dores ao longo do tempo. Você sabia de cada uma delas. Conhecia melhor do que muitos cada triste, mesmo que pequeno, detalhe de tudo que me ocorrera até te conhecer. Eu acreditei, do fundo de meu coração, que ao te conhecer havia chegado o meu momento de ser feliz, A minha hora de estar com alguém que mereceria o melhor de mim: o meu amor. Acreditei com toda a minha fé que a dor se dissipara. Que tudo o que eu passara até então servira apenas para eu saber valorizar quando chegasse quem eu acreditasse ser a pessoa certa. Aquela que me faria feliz até o último instante de minha vida. Acreditei com enorme convicção de que esse alguém era você. Enganei-me redondamente. Mas sem mais delongas, por mais que não venha a ter conhecimento disso, eu estou prestes a dar o maior e mais esperado passo de minha vida. E quer saber? Eu gostaria demais que tivesse sido ao seu lado. Afinal, você também sabia melhor do que ninguém o tamanho desse meu sonho. Porém nem tudo sai conforme planejamos. O que me resta agora é saber que fiz o máximo que pude. Com a imensa certeza de que fiz o possível e o impossível. Lutei até o último instante. Mesmo depois que nos separamos, você não imaginava, nem nunca irá saber - talvez - de como meu coração acelerava cada vez que eu te via. Muitos que tiverem chegado até aqui podem se perguntar o porquê eu não luto por esse sentimento. A resposta é tão simples: você conheceu o melhor de mim, eu o melhor de você. Mas sua real natureza veio à tona, sem que eu pudesse evitar. Paralelamente, por mais que seja injustificável, a minha veio também após conhecer a sua. Aquela obscura, fria, impensada. Aquela que eu jamais imaginei que um dia conheceria. Com isso fiz coisas das quais me arrependo, amargamente, Por saber que, do mesmo modo que contribui para que o nosso amor nascesse, também o fiz para que o seu morresse. Porque eu te entendi, te compreendi, todo o tempo. Fui paciente, fui flexível. Eu soube ceder mais do que jamais imaginaria que conseguiria. Para no fim saber que o único sentimento que você carrega, não é sequer o ódio. É o esquecimento. Pode ser que vez ou outra aconteça algo que, mesmo que você não queira, faça com que lembre que eu existo; ou que um dia existi em sua vida. Faça com que se lembre, provavelmente sem o menor remorso, que um dia alguém te amou mais do que acreditaria ser capaz. Ao contrário de mim, que penso em você todos os dias. Remexendo cada uma das lembranças, tentando descobrir quando foi que aquela relação tão linda começou a desmoronar, começou a ruir sem que você se desse conta do que estava acontecendo. Mas não posso mais culpar a você, nem a mim, nem ao mundo. Tudo na vida tem um enorme propósito. Talvez um dia eu descubra qual foi o propósito escondido detrás daquele encontro no inesquecível 13 de outubro de 2013. Quem sabe eu te conte. Quem sabe eu guarde pra mim. Quem sabe um dia eu deixe de te amar. Aí, então, esse "pesadelo" que tenho vivido acordado ultimamente, transforme-se em um de meus sonhos realizados, como aquele de qual você fez parte. Ou então novos sonhos cheguem, com alguém que seja capaz de retribuir à altura tudo aquilo de bom que carrego comigo, que jamais voltará a dar lugar a qualquer sentimento negativo que seja. Talvez esse tenha sido o aprendizado. E talvez seja isso de que eu tenha que me lembrar, todos os dias, a cada segundo, em cada novo amanhecer. Até o último dia de minha vida.