Excesso de Mãe.
Em Fevereiro de 1963, ao escrever uma carta para minha mãe que morava lá no distante nordeste mineiro. Saudade e emoção intermediava nas minhas mal traçadas linhas. Falava da minha vida de Mais ou Menos. Evitava falar de apertos financeiros, doenças ou notícias negativas. Naquela época minhas dificuldades com a linguagem era muito mais de que nos dias atuais. Escrevi 12 linhas e 10 palavra mãe. Dei ao meu irmão para ler, se estaria dentro dos conformes, percebeu o excesso da palavra mãe e questionou: - “em poucas linhas e 10 mãe?” Respondi:- achou pouco? Caímos na gargalhada...
Soubemos pouco tempo depois que minha mãe chorou ao ler a carta. Enquanto ria- mos aqui, ela chorava lá, pela saudades dos seus rebentos, enfrentando aqui em Beagá a selva de pedra.
Minha mãe já não está neste planeta. Um dia desses mexendo nos alfarrábios do meu falecido pai, a procura de documentos de seus deixados espólios, encontrei a pitoresca carta, aí quem chorou fui eu.
Lair Estanislau Alves.