Ao discurso da perda
Lamento pelo futuro que não me darei; os braços, antes abertos para mim, agora já cruzados, me dizem o que eu não quero ouvir, mas preciso entender. Foram sonhos destruídos, ilusões perdidas; os olhos que te viram, procuravam, lá no fundo, respostas. Queriam ser pares, se tornarem unidos, ver o mesmo mundo, tão verde, o ar mais puro, o resultado de um dia árduo de trabalho. Ao que mais pude te dedicar, decorrente de idéias que me deste, decidi me jogar no abismo, pois já não há felicidade para compartilhar. Nem braços que eu queira mais para me aquecer, lábios tão desejados que eu quisesse provar. Apenas me sobrou a dor, algo que me transformará, quem sabe apenas uma sombra. Nem mais ao mar, ou ao sol; resta-me apenas, o resto. Pois via-te em tudo o que admiro, no que vejo sentido, nas músicas do Charlie Brown... Para alguém como eu, não há recomeço, a porta se fechou, e você trancou as janelas; o destino trouxe você de volta, e o mundo te levou. Vá, já fez o suficiente.