Perdão
Quantas desilusões sofri... Muitas foram as ocasiões em que esperava ansioso por nosso encontro; e nesta espera os segundos se transformavam em minutos, os minutos em horas, se instalando uma longa e angustiante demora.
Nestas ocasiões sofria por não saber de você, meus olhos esquadrinhavam todos os possíveis caminhos até mim, para saber da sua chegada. A cada silhueta que surgia em meu campo de visão, o coração batia acelerado, num ritmo forte, até perceber o engano. No pensamento engendrava palavras que deveriam ser ditas, cobrando de você uma postura de respeito, frente ao nosso amor. O pensamento fervia, a angústia maltratava. A garganta secava, sentindo um nó.
Mais um encontro frustrado. No caminho para casa, parecia que o mundo não existia para mim; motoristas buzinavam insistentemente, tentando me alertar dos perigos ao atravessar a rua. Sou um autômato. Quanta angústia cabe em meu peito, a dor me assola. Quantas palavras carinhosas deixaram de serem ditas por sua ausência. Muitos gestos amplamente imaginados, sonhados, desejados, tiveram outro destino.
Depois de tanto sofrer, tanta desilusão, o mais sensato seria terminarmos de uma vez, rompendo todos os laços que nos unem. E assim pensei muitas vezes, assim planejei. A dor é substituída pela alegria ao vê-la sorridente, a luz brilhando nos olhos como se fossem dois luzeiros em noite escura. A sua simpatia e voz suave completam o quadro que me extasia, lançando-me em seus braços, esquecendo-me das desilusões passadas.
Num abraço caloroso e longo, sentindo seu corpo de encontro ao meu, é liberado o perdão; não penso no passado, pois agora tenho você em meus braços. As palavras de amor fluem em borbotões, como águas de um riacho cristalino