Vida em fúria...
Rezo pelo amor não vivido, o fio partido, as palavras sem sentido, um futuro perdido. Peço pela vingança fria, a noite sombria, a lua sozinha. Somente eu, pois você se foi; ao agradecer noturno, o desejo obscuro, o perecer... pela tempestade a caminho, meu filho sozinho, o sangue frio; a mesa posta, o jantar pronto, a cadeira vazia. Eu na janela, esperando por um alguém que já não vive mais. O que busquei em você, e achei ter encontrado. Mas tão somente dito, o grito, o pranto, o descaso. A porta fechada, a risada descontrolada, o silêncio sereno, o vento a me assombrar.
O vidro quebrado, o coração esmagado, o pecado exposto; ao meu gosto, prazeroso e cretino; por esses dedos, buscando o nada. A vida parada, os planos desfeitos e o não sentir. A este amor, já indo tão longe, levando com ele o pouco de bom que ainda insisti em manter. Não há nada a comemorar, apenas aceitar o fato de não ser sido nada para você, nem ser importante, não ter valor algum. Em que me transformei, oh mundo, porque não ver mais o sol de manhã apesar dele estar lá; e por lutar contra essa maldade, essa minha natureza suja, o rancor adormecido. Ah, sou eu, consigo emergir enfim; abandono esse corpo, em prece, pois estou apenas retornando ao que recebi.
Aqui, deixo para trás a mulher que lutou por um amor, complicado, inseguro, fiel e dolorido. Partir em busca de algo sem sentido, sem importância, seguir em frente. Sem amor.