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CARTA AO MEU PAI
 

Querido pai:
 
Escrevo-te na esperança que desta vez atendas o meu pedido…
Todos estes anos te tenho pedido que nos visites, pelo menos no Natal e infelizmente a ausência é a tua resposta.
A mãe chora às escondidas, de uma vez que parecia ter desaparecido procurei-a por todo o lado e fui dar com ela sentada no cais, pés pendentes, olhando o fundo escuro da água…Até tive medo que caísse… Ou que saltasse, eu sei lá…
Porque não nos fazes a vontade e pelo menos nos visitas, uma vez que seja?
Imaginas eu a ver os outros rapazes sempre acompanhados pelo pai, jogando à bola, passeando, indo à escola, às reuniões… E eu? A mãe tem de mentir, diz que trabalhas longe – não é mentira, apenas o motivo é outro – há muito tempo que sumiste e nunca mais deste notícias…
Desde que te foste embora, era eu pequenino, que não sei o que é uma presença masculina, permanente, em nossa casa. Apenas a mãe e a avó, chata como tudo, sempre a chamar-me a atenção por tudo e por nada, pelos vistos não presto, só faço disparates!
Esta saudade rói por dentro, sabes? Só te conheço de uma foto antiga que vi num álbum que a mãe depois guardou e não mais me deu a conhecer…
Deves estar mudado, usas barba, bigode, estás careca como o tio Leopoldino? Esse só o vejo no verão, no final das aulas. Ainda no ano passado me trouxe um pacote de bolachas fora de prazo e uma caderneta com metade dos cromos em falta…Mas gosta de mim, eu sei.
Por favor, pensa em nós, e visita-nos… Este Natal, seria a melhor prenda que alguma vez recebi… Vens?
Temos saudades tuas.
Adoro-te, meu querido pai.

 
                                                                               Luís











N.A. - ESTE TEXTO É PURAMENTE FICCIONAL.









 
Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 24/06/2015
Reeditado em 18/07/2015
Código do texto: T5288352
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