Para Amiga MLuiza Martins


Vou tentar não me alongar muito nesta correspondência querida Maria Luiza. Você, e algumas pessoas que visitam meus escritos no Recanto, sabem do meu estado de saúde. Estou na segunda fase do tratamento da tuberculose. Tratamento que teve início em outubro do ano passado. Eu te disse que não me descuido no tratamento, e é verdade, no entanto eu não estou bem. Não sei a que atribuir às dores que sinto nas articulações. Tais dores dificultam muito o uso dos meus dois dedos usados para ferir as teclas do computador nas minhas tentativas de escrever. O pior é que os doutores médicos não me dão diagnóstico para minhas dores. Querida amiga, os últimos dois anos eu os passei mais na companhia de médicos que da minha amada filha.
A coisa começou assim: perdi o paladar, minha boca não diferenciava um jiló de um queijo gorgonzola. Tudo que eu ingeria tinha gosto de nada. Fui a diversos médicos e, nada. A coisa evoluiu. O que não tinha gosto de nada passou a ter um gosto HORROROSO, eu não conseguia mais comer nada de tão horrível era o sabor. Passei a me alimentar apenas de leite com chocolate. E assim fiquei por mais ou menos um ano. Naturalmente perdi muito peso. Meu corpo esquelético dava medo. Eu não sei como conseguia ficar de pé, eu não sei como conseguia andar. As pessoas próximas a mim estavam horrorizadas e preocupadas. Tadinha da minha amada filha...
Eu chequei a conclusão de que estava com câncer, até enviei emeio para minha querida prima Alice Gomes dizendo que eu estava canceroso. Eu não deveria ter feito isto com Licinha, foi um erro do qual me arrependo. Certamente a fiz sofrer. Faço parte da parcela da população sujeita a ter câncer, fumo desde os quinze anos de idade, e, fumo muito. Sem diagnóstico dos doutores eu mesmo fiz o diagnóstico.
Até que sofri o acidente doméstico. Rachei literalmente o crânio e fui rebocado sem sentidos para hospital. Lá descobriram minha tuberculose, mas nada fizeram com minha cabeça além das tomografias. Até hoje sinto baita tontura ao deitar e ao levantar da cama, tudo gira, é horrível, mas já esteve muito pior. Mês que vem vou para outras tomografias da cuca. Mas meu maior poblema são as dores nas articulações cara Luiza. Às vezes faço algum movimento com meu braço direito, coisa banal, e vou às lágrimas de tanta dor.

Maria Luiza querida amiga.
Aceite meu abraço, que não será muito apertado para eu não sentir dor, mas vai meu abraço com minha amizade e grande admiração que tenho por ti.
Abraço.
Luiz Vieira Costa Neto.


Ps: ainda não descobriram câncer em mim.
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 19/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
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