Saudações Mestre Duncan!
" Hoje é o trigésimo dia do teste. Devo admitir que os primeiros dias no coração da floresta foram os momentos mais dificeis e frustrantes. Para dormir, juntava um amontoado de folhas, restos de madeira e até carcaças de animais, muitas vezes ainda pútridas, eram o que me ajudava a sobreviver ao frio abismal que a floresta oferece a noite. Apesar do cansaço físico por passar o dia abrindo trilhas em folhagens espinhosas e expressas, tentando sempre encontrar o lugar adequado para firmar aonde ficaria durante os 3 meses. Eu queria um espaço plano e que de preferência as árvores acima impedissem pelo menos uma boa parte da chuva que poderia vir a cair ou até mesmo do sol.
Devo repetir que o cansaço físico e mental e enorme, porém mesmo assim era dificil dormir. A noite na floresta é uma sinfonia de piados, uivos, gritos, algumas vezes até vozes. Vultos. Vem se tornando frequente a visão dessas formas negras ou cinzentas, borradas, que sempre tingem meu campo de visão em alguns momentos. Algumas vezes vem acompanhadas de algum susurro, ou balbucio. Seus ensinamentos vêm ajudando muito, principalmente no "manter a tranquilidade e razão nos momentos mais críticos".
O sol adquiriu um novo significado para mim. Assim como a floresta de dia, nada mais belo que admirar as gotas de orvalho e a alegria das aves para mais um dia. Aos arredores da minha pequena cabana improvisada, existem algumas árvores que dão ótimos frutos, que estou procurando administrar para estes três meses.
Ainda tenho um quilo de pólvora e as pedras ainda produzem ótimas faiscas. O que vem sendo dificil é achar capim e mato seco para fazer o fogo, durante a noite o sereno deixa tudo muito úmido. Mas sinto falta de carne. Desde então achei apenas carcaças já apodrecidas, e não tenho a mínima experiência com caça. Mas vou pensar em alguma forma de armadilha, com persistência e fé eu conseguirei qualquer coisa.
Quase ia me esquecendo! Arranjei uma amiga. Uma coruja negra e rajada com branco, olhos amarelos e profundos. Ela parece ser bem intimidadora com seu olhar firme e persistente, porém ainda assim a beleza é encantadora. Desde que ela apareceu por aqui, tenho me sentido mais tranquilo para pegar no sono.
Mestre, agora vou procurar alguma forma de capturar um pequeno animal. Já vi coelhos, veados, cobras. Tenho certeza que conseguirei um.
Espero que esteja tudo bem."
Então o aprendiz enrolou a carta e colocou no bico de um enorme corvo, quatro vezes maior que os corvos comuns. O corvo lançou um breve olhar para os olhos do aprendiz, e alçou voo em direção ao sol.