Tudo como dantes...

Minha doce menina...

Por mais que eu diga que quando penso em ti, um sentimento de carinho e te ternura toma conta do meu ser, ainda é muito pouco diante do que verdadeiramente me envolve.

Dia desses, ao contemplar àquela tua foto, daquele dia ensolarado de Céu azul, chapiscado de nuvens brancas - lembras? – tudo se fez presente como antes...

Me vi ali contigo novamente e até pude sentir as mesmas emoções, como se o tempo tivesse parado. Descobri que tudo continua guardado na minha alma, nas minhas lembranças, tal qual aconteceram. Prova maior de que o espírito não envelhece.

Eu hoje, homem com experiência de vida cronometrada pelo tempo, me vi novamente revestido por àquele jovem estudante de coração puro e alma transparente e porque não dizer, de alma de menino.

A imagem daquela foto, logo se “edificou” na também doce menina, de sorriso franco, semblante alegre, coração puro e alma límpida e nesse instante, a vida se fez canção novamente, como era comum quando os dois se encontravam. Não tinha como esconder o contentamento dos dois quando estavam juntos. Penso que o sentimento que brotou no meu coração, brotastes no teu também, com a mesma pureza, com a mesma ternura, com o mesmo carinho, com a mesma inocência, inocência de duas crianças puras.

Oh, meu Deus! Como eram áureos àqueles dias...a vida ali era um encanto de paz.

As lembranças me trouxeram àquela cena, daquela tarde noite em que a gente conversava, você na varanda e eu em baixo na calçada. Você estava radiante, divinamente linda, de cabelos soltos, de batom, toda produzida. Na verdade, você esperava pelo seu namorado – hj seu esposo – eu não sabia. De repente, pára um carro e vc diz: é o meu namorado... Fiquei tão desapontado, tão desconcertado, fui pego de surpresa e sai dali meio que desorientado para o meu porão. Decepcionado que estava, fiquei a pensar: eu deveria ter imaginado que ela tinha namorado.

Vieram também, as lembranças do dia em que eu conheci o “tal” ciúmes... Foi numa noite, em que vc conversava com algum amigo ou colega e eu, naquele porão estudando escutava a tua voz vinda da rua, numa conversa muito animada.

O relógio indicava que já se aproximava da meia-noite e o papo continuava na maior animação e eu ali, roendo as unhas, com vontade de ir até o portão e dar uma espiadinha, mas a coragem não deu, tive medo de ver o que talvez não gostaria. Mas logo depois da meia-noite, a conversa cessou. Foi um alívio.

Penso que pra ti, tudo foi tão importante quanto pra mim. Acho que a mesma emoção que pulsava em meu coração, também pulsava no teu.

Os dias que se seguiriam naquela pequena e aconchegante cidade – pelo menos para nós - viriam marcar nossas vidas para sempre.

Apesar de nos afastar no espaço com as nossas novas moradias, nos estreitamos ainda mais os nossos laços afetivos.

Quis o destino que viéssemos a morar tão próximo, como jamais poderíamos imaginar, penso até que foi providência Divina, para que pudéssemos cuidar e desfrutar um pouco mais da companhia do outro, já que o nosso destino estaria traçado e ele iria nos arrastar para longe do outro.

Bem, tudo isso são doces lembranças... lembranças daquilo que a vida nos permitiu viver ou melhor, nos agraciou. Por mais que a saudade hoje nos judia, nos corroa, nos fira, nos sangra, ter conhecido o outro é sem dúvida o mais lindos dos presentes que vida poderia nos dar.

Sei que vc prefere não deixar essas doces lembranças se aproximarem, quando elas se avizinham, você as espantam, porque tu achas que isso é coisa do passado e lá deve ficar.

Embora vc tente se fazer de “durona”, penso que no fundo, tua alma também chora, como chora a minha.

Sei que tentas esconder de si mesma esse sentimento, é inadmissível pra ti, nutrir por outrem que não seja teu marido, por quem fizeste juras de amor e fidelidade em frente ao altar – mesmo que inconscientemente traindo a si mesma - algum sentimento de amor, mesmo sabendo que esse sentimento é muito além do que se possa imaginar.

Como já disse, esse sentimento é alimento para minha alma e a saudade também, porque ela traz as doces lembranças de um tempo lindo que se foi, mas que continua tão presente e tão real, como se nunca tivesse ido.

Por favor, não fiques aborrecida com as minhas cartas, sei que elas te incomodam um pouco, mas foi o jeito que encontrei para aliviar a dor desta saudade.

Assim como o vento arrastam as folhas secas, assim também o tempo está arrastando você para longe de mim. E assim, pode ser que um dia essas cartas deixarão de ser entregues, por falta de endereço.

Te cuida, tá?? Não deixa ninguém machucar teu lindo coração de menina, não.

Não deixe ninguém lhe roubar as nossas doces lembranças não, elas são o "néctar" da essência mais pura de um sentimento de amor.

Se algum momento os desenganos da vida lhe bater à porta, lembre-se, aqui tem um coração que pulsa por ti e uma alma que te ama além da imaginação. Tens aqui, o teu eterno cantinho, tal qual você o deixou.

Me guarde sempre no teu coração, porque estarás no meu para todo o sempre...

Eu te amo! Esquece disso não, tá?

Fica com Deus.

Um doce beijo

com carinho,

Eu

Menino Sonhador
Enviado por Menino Sonhador em 03/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
Código do texto: T5265097
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