AMELIA E O BOTECO
A rua tem o seu fascínio.
Lá fora tudo é mais bonito e colorido.
Há os amigos, companheiros de bebida,
o abraço, o bater nas costas de bem-vindo ou
o aperto de mão impregnado de idas e vindas. Cheiro de perfume barato pelo caminho percorrido.
Lá no boteco, deixa-se os problemas do lado de fora, as mulheres dão gargalhadas e gritam palavrões, jogam cartas, pernas a mostra, dançam e se acasalam sem compromisso. Elas não trazem bolhas e calos nas mãos, nem o cansaço da tripla jornada nos olhos que cintilam.
Do outro lado da noite não há sequer reclamações, não se sente saudades, não há ninguém cobrando horários, não se fala em responsabilidades, tão pouco se sente dores de cabeça ou tormentos da alma.
Todos são cúmplices no intuito de serem felizes numa outra sociedade genérica. Os amigos vivem por anos e anos naquelas noitadas, já são velhos conhecidos, tal qual família estendida.
Ao chegar em casa, ele encontra apenas desconhecidos. Casa organizada, comida esperando na panela. Um filho no computador, outro na televisão, a esposa dormindo. Vez ou outra um banho, quem sabe um carinho, um esquentar dos pés, enquanto o amanhecer chega de mansinho.
Lá dentro, ele não encontra sorriso, nem abraço apertado de saudade. Onde será que a mãe dos filhos perdeu o brilho que tinha?
E ela recém acordada, não dorme mais ouvindo o ronco que ecoa pelo quarto. Então ela se pergunta: onde é que cabe nele tanta ansiedade e alegria?
Era para ela ser uma rainha, mas Amélia sabe que amanhã será o mesmo dia vivido como os outros da semana passada. Resta a ela apenas, trabalhar, trabalhar, viajar nas aventuras dos livros.
Para ele, o lugar sinalizado é o boteco, cheio de futilidades, papos banais e amigos.
Eles vão vivendo assim, num mundo bipartido, mas ela já o sabia quando o tinha conhecido. Será assim por todo o resto de suas vidas...
A rua tem o seu fascínio.
Lá fora tudo é mais bonito e colorido.
Há os amigos, companheiros de bebida,
o abraço, o bater nas costas de bem-vindo ou
o aperto de mão impregnado de idas e vindas. Cheiro de perfume barato pelo caminho percorrido.
Lá no boteco, deixa-se os problemas do lado de fora, as mulheres dão gargalhadas e gritam palavrões, jogam cartas, pernas a mostra, dançam e se acasalam sem compromisso. Elas não trazem bolhas e calos nas mãos, nem o cansaço da tripla jornada nos olhos que cintilam.
Do outro lado da noite não há sequer reclamações, não se sente saudades, não há ninguém cobrando horários, não se fala em responsabilidades, tão pouco se sente dores de cabeça ou tormentos da alma.
Todos são cúmplices no intuito de serem felizes numa outra sociedade genérica. Os amigos vivem por anos e anos naquelas noitadas, já são velhos conhecidos, tal qual família estendida.
Ao chegar em casa, ele encontra apenas desconhecidos. Casa organizada, comida esperando na panela. Um filho no computador, outro na televisão, a esposa dormindo. Vez ou outra um banho, quem sabe um carinho, um esquentar dos pés, enquanto o amanhecer chega de mansinho.
Lá dentro, ele não encontra sorriso, nem abraço apertado de saudade. Onde será que a mãe dos filhos perdeu o brilho que tinha?
E ela recém acordada, não dorme mais ouvindo o ronco que ecoa pelo quarto. Então ela se pergunta: onde é que cabe nele tanta ansiedade e alegria?
Era para ela ser uma rainha, mas Amélia sabe que amanhã será o mesmo dia vivido como os outros da semana passada. Resta a ela apenas, trabalhar, trabalhar, viajar nas aventuras dos livros.
Para ele, o lugar sinalizado é o boteco, cheio de futilidades, papos banais e amigos.
Eles vão vivendo assim, num mundo bipartido, mas ela já o sabia quando o tinha conhecido. Será assim por todo o resto de suas vidas...