A dor da chance que não tivemos
Preciso te contar que eu já sabia,
eu já sabia que terminaríamos o que não começamos assim.
Estava postergando os dias cinza,
postergando o inevitável sofrimento,
postergando a primeira lágrima cair,
postergando a expectativa virar pó.
O sapato não coube no pé da Cinderela, mais uma vez.
A carruagem virou abóbora.
Saia da festa de gala e volte a limpar o chão, esse é o seu lugar!
Fique com a dor do coração partido,
com o aperto no peito,
com o pensamento do sonho não compartilhado.
E a todo instante, deparo-me com o questionamento... Por quê?
Um coração cheio de amor pra ofertar,
um carinho pra te confortar,
um sorriso pra te alegrar,
um presente inesperado pra te agradar,
um beijo caloroso pra você desejar,
um bolo de cenoura que tu iria gostar,
uma peça de roupa costurada pra ti se lembrar a cada vez que olhar.
Com tanto amor, com todo o amor!
Desculpa, não sei fazer as coisas sem amor.
Não sei me entregar pela metade,
não sei acreditar desacreditando.
Como é possível fugir do que não demos a chance?
Sou tão ingênua assim em não conseguir ver algum problema?
Tão linda, tão alegre, tão encantadora... Tão?
Tão tudo e tão nada!
Tão cega.
Aquela cega que acredita no amor.
Aquela cega que não vê maldade no coração das pessoas.
Cega pra isso, mas com bastante visão pra ler uma mensagem de “saia da minha vida”.
Um domingo de até nunca mais
Depois de uma sexta em que dormíamos abraçados no frio.
Porque tão frio?
Porque tão seco?
Eu tinha tanto pra te mostrar dentro dos livros dos meus pensamentos.
Lamento que queira ter lido somente a introdução.
O sofrimento da página jamais virada.
A dor da chance que não tivemos.