Aguda dor

Arranca do peito poeta a garganta, quando do coração tiraste a alma que muda se calaste, se perdeu nos silêncios calcinados da tormenta e solidão.

Faz-se do silêncio oque era canção e de lamento oque era poesia. Dos lábios de ardentes beijos de outrora se faz monturo de cinzas de juras esquecidas de agora.

Ah, quem dera a morte enfim me alcançasse e fizesse parar a roda do tempo que me escraviza. Que os relógios por fim interrompessem seu ciclo cruel e insone e que as madrugadas fossem todas manhãs de suaves horas.

Poderiam os dias ser preguiçosas horas perdidas no tempo e as lembranças apagadas feito rastros na areia em desertas praias.

Tão menos tirânicas seriam as imagens que, perdidas no interior da alma desapareceriam com o alvor.

Quantos medonhos pesadelos seriam extirpados de silenciosas e vazias madrugadas e as horas, que em vagarosos passos arrastar-se-iam adiante de meu tempo, dissolvendo todas as lembranças.

Que me fosse permitido recriar o tempo, atrasa-lo à um tempo imemorial onde a dor da saudade não me pudesse alcançar

E a angustia de uma vida, tola e vazia me permitisse adormecer o mais pesaroso dos dias, amargas horas de tristeza e solidão. Pudesse eu, ainda que em ínfimos minutos entregar-me à mais insana e vil das emoções humanas, beijar tua boca, sentir- te os lábios a roubar-me a alma.

E assim, arrancar do peito aguda dor.

JAlmeida
Enviado por JAlmeida em 28/05/2015
Código do texto: T5257482
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