MAIS UMA QUE VOCÊ NÃO VAI LER (para Karenina)
Mais uma vez. Mais uma noite pensando em como a vida é uma merda. Talvez não tenha que ser. Acontece que às vezes cansa acordar todos os dias tendo seu nome saindo sussurrado espontaneamente dos meus lábios sonolentos e vendo constantemente por todo o meu dia seu rosto ecoando por cada milímetro do meu pensamento. Sinceramente não sei mais o que faço. Eu tentei te odiar por muito tempo, e funcionou por alguns minutos, mas a verdade é que não posso, não consigo, mesmo que eu queira, mesmo que seja de certa forma o mais certo a se fazer. No máximo que sinto é uma mágoa triste de um ego ferido. É triste e frustrante, mas não quero pena.
Queria conseguir esquecer, apagar da minha mente tudo que aconteceu, queria parar de tentar entender como foi que minha vida se tornou esse imenso redemoinho de erros e frustrações, afinal todos que eu conheço passam por cima disso com tranquilidade e seguem suas vidas, mas eu tenho um sério problema. Já não sou mais o mesmo, não fodo com tudo tanto quanto antes, mas acho que você também é uma outra pessoa agora e sei que jamais poderemos ser o que já fomos e por isso não ligo, não vejo, não procuro saber noticias.
Eu me afastei para que você pudesse ter essa sua nova vida o que parece estar sendo ótimo e fico feliz por você e pelas crianças, mas... o que estou dizendo, eu não posso estar feliz por você estar ótima longe de mim, por isso nunca mais consegui falar com você, mas era necessário. O fato é que fico perdido no meio dessa coisa de entender e aceitar, mas nunca esquecer e etc. É mais fácil beber e fazer de conta que tudo esta bem, dói menos que saber que outra pessoa te faz mais feliz.
Assim quando meus amigos me dão abraços e perguntam como eu estou eles não precisam saber de toda a dor e o incomodo que passo todos os dias, assim a moça do bar pode piscar pra mim sem imaginar o vulto que se esconde por trás dos meus olhos, assim fica mais fácil trabalhar, dou sorriso idiota aqui, conto uma piada ali e tudo bem. Mas isso cansa, cansa muito, e nem mesmo posso te culpar, ao menos em parte, afinal ambos fomos culpados.
Queria poder te odiar. Odiar o teu sorriso, os teus olhos, as covinhas das tuas bochechas, as suas conversas, as suas roupas, as suas unhas, queria poder te odiar por completo. Seria mais que acordar todos os dias com seu rosto na minha mente, sabendo que a mulher mais incrível que já tive está lá fora e eu jamais terei outra vez. Odiar você seria melhor que saber que quase fui feliz, como um dia disse um autor “Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.”
Mas não posso fazer nada a não ser esperar duas coisas. Que um dia eu esqueça ou morra, o que vier primeiro, e a próxima dose.