Nem preciso escrever o nome
Esse sentimento de tão profundo, um dos mais intensos deste mundo, tem o poder de nos juntar e de nos fazer partir, tem a força para nos elevar ou deixar cair. (Ainda bem que o vento seca essa minha lágrima bem aqui).
É como se fossemos dois espelhos que nasceram para se refletir, imagens que se repetem, que as vezes se igualam ou se anulam. Reflexos que revelam tudo aquilo que sozinhos jamais saberíamos. (Não deixo marcas no caminho pra não saber voltar, mas sei que você mesmo de olhos fechados sabe muito bem onde me encontrar.)
Ah esse sentimento é um jogo de cicatrizes profundas (se tirar você de mim não sobra nada), mas também de lembranças infinitas. Porque aquilo que a memória ama permanece eterno, e graças a existência desse sentimento somos salvos do labirinto da dor, da incerteza e temos restaurada a alegria de viver. Mas se ele, esse sentimento fundo, falhar, a gente tem vontade de deixar de existir, tem o desejo de fugir do passado e do mundo que fica assombrado.
O nome desse sentimento eu nem preciso escrever o nome, porque enquanto o tempo vai nos levando pela mão, ele se instala de mansinho em nosso coração, até um dia que a gente percebe que não tem mais como viver sem ele, mesmo que represente uma dor ou um prazer, não importa, dele a gente não pode mais esquecer.
Somos tempo, e por isso efêmeros, passageiros, provisórios e temporários, porém nesta nossa natureza efêmera está a intuição de uma eternidade que só esse sentimento desperta. (Não foi antes e nem depois, foi no momento certo que no meio de cem milhões a gente se encontrou. Porque pra nós, graças a esse sentimento lindo, quando aparece alguém diferente na multidão, só então um mais um finalmente se somam num perfeito dois.)