Cartas pra você II

Ana,

eu tô aqui de novo. Ouvindo música velha e tomando cerveja ruim. Ou vice-versa. Ah, isso não importa. O importante é que eu tô sofrendo por tua culpa. Por causa da tua inconstância. E da tua inconsequência. E da tua mania de não se importar com os outros… comigo. Eu me sinto como um pedaço de papel em tuas mãos: você amassa, risca, corta em pedaços, faz o que quer. Num dia você escreve palavras bonitas em mim, faz com que eu me sinta o homem mais incrível e mais feliz do mundo. No outro, eu sou descartável. Sou um pedaço de papel amassado, rabiscado, destruído e que merece ser jogado fora.

Eu não tô bravo contigo, Ana. Eu só quero que você entenda que eu te amo. Eu só quero que você volte ou que, pelo menos, dê notícias. Preciso saber se tu estás bem. Cansei de ter que digitar minhas cartas no mural do teu Facebook porque já não sei para onde enviá-las. Cansei de ir até a tua (antiga) casa e passar horas chamando, cansei de ligar para o teu número e deixar recado na caixa postal, cansei de ligar para todas as tuas amigas pedindo notícias tuas e ouvir sempre o mesmo “ela está bem”. Isto é tão injusto! Por que elas podem saber onde você está e eu não posso?

Tenho passado noites em claro a fim de saber o que eu fiz pra que você se afastasse tanto. Eu te entendo e sei dos teus medos, por isso insisto em repetir que jamais vou deixar de te amar. O que eu fiz de errado, Ana? Me dediquei demais? Senti demais? Demonstrei demais? Acho que o problema foi exatamente este: eu te amei (e ainda te amo) demais. Muito mais do que você estava acostumada. Mais do que você podia imaginar e suportar. Me desculpe por isso.

Com saudade, amor e algumas lágrimas caídas,

Gustavo.

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 05/05/2015
Código do texto: T5232126
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