Cartas pra você
Ana,
hoje eu acordei pensando em ti. Nos teus lábios avermelhados depois de um beijo e no quanto eu fico vermelho quando você me encara e me elogia. No teu sorriso torto, no teu cheiro doce, nas curvas do teu corpo, no quanto tudo isso me deixa tonto. Na tatuagem confusa que você tem no meio das costas e na confusão que você causa em mim. Pois é, Ana, você me confunde. As tuas manias me confundem. Principalmente esta mania de ir e vir, de gostar e não gostar, dizer sem querer dizer... esse morde e assopra me tortura de um jeito que você nem imagina.
Eu não sei o que passa na tua cabeça, mas queria entender a tua loucura e queria poder te ajudar a se livrar de alguns medos e dessa TPM eterna. Acontece que você foi embora. De novo. Sem aviso prévio, deixando apenas um bilhete sobre a mesa de cabeceira e, como era de se esperar, me deixando prestes a ter um ataque de nervos. Eu me preocupo tanto contigo, Ana. Lembro daquela vez que você mandou uma mensagem dizendo que voltaria logo e que eu só te encontrei novamente depois de duas semanas. Sei que você tem alma de nômade e adora dormir cada dia na casa de uma amiga, mas eu sei que isso só acontece porque você é covarde, você tem medo de se apaixonar perdidamente e ser largada no altar novamente. Mas isto nunca aconteceria com a gente. Saiba que eu nunca te deixaria, pois gosto de você de um jeito que não consigo explicar. Sério mesmo, eu não consigo. Você foi embora ontem e eu já tô morrendo de saudade, e não é porque me habituei a dormir ao teu lado, não é porque amo ouvir tua voz me acordando, não é porque gosto de te ver saindo do banho vestindo um roupão que já foi meu. E, acredite, também não é porque você é sexy pra caramba mesmo quando não está fazendo nada. É porque eu te amo pra caralho. Além das medidas, Ana. E eu quero demais que você volte pra minha (ou melhor: nossa) casinha pequena. Quero ter alguém que abra a geladeira antes do almoço e coma metade da sobremesa que aprendi a fazer assistindo ao programa daquela culinarista que consegue ser mais atrapalhada que eu, alguém para deixar o chão do banheiro escorregadio após lavar os cabelos com milhares de produtos importados, alguém que me obrigue a assistir filme de mulherzinha antes de dormir, alguém que me chame de machista toda vez que eu reclamar da saia curta, alguém que me chame de idiota porque eu sempre deixo o hambúrguer queimar, alguém que vá comigo até a padaria para comprar dois sonhos de doce de leite, alguém para conversar comigo sobre seu dia no trabalho, alguém que abra um sorriso quase imperceptível quando eu começar a declamar uma poesia qualquer, alguém que faça com que eu me sinta bem. Eu quero alguém que me faça (sor)rir e eu sei que, mesmo sendo cheia de erros, de medos, de loucuras, de dramas, de birras infantis e de defeitos irreparáveis, você é a melhor pessoa para isto.
Eu te quero aqui, Ana. Meu coração ficou contigo e tá difícil viver sem ele. Vem me morder, me apertar, me dar ordens e dizer que eu não sirvo pra nada. Vem me completar e deixa que eu te transborde. Volta pra mim e por mim. Volta pra nós, por nós.
Com mais amor do que eu imaginava que poderia sentir,
Gustavo.