Ao vento

Caríssima

Senti um desejo de te escrever, pôr em palavras o que não consigo conter nos pensamentos. Talvez enderece ao tempo, quem sabe ao vento, porque passa o tempo arrasta o vento e um dia quiçá sem razão chegue ao seu coração frágil e pequeno, feito uma mensagem posta numa dessas garrafas herméticas e atirada ao mar, mais fácil chegar ao destinatário que esta carta em tuas mãos. Nunca me faltaram palavras e nem a coragem para dizê-las, apenas não consigo imaginar a ressonância que alcançariam em teu ser poético intrincado. Então, leve o tempo arraste o vento... Teu nome é para mim emblema de um sentimento insólito tão contraditório que reluto a inevitáveis comparações a outros arquétipos com que insisto desmistificar. Razão de ser de minha poesia que nunca antes pensei compor, inspiração dos versos por simples atrevimento, sem o qual, não te alcançaria. Sua maneira de ser era inteiramente poesia; teu rosto delicado, tua voz menina, teu semblante soturno, teus versos repletos de metáforas traduzindo um misto de melancolia e esperança, atribulada realidade, enorme desafio. O que será que passou na tua cabeça quando foi parar naquela igreja, primeiro encontro que tivemos? Só Deus. Entre suas vindas e idas nada deixou além de vagas promessas, teu olhar devoluto também sempre foi medo e desejo, sempre houve um abismo a nos separar, vivia em teus desabrigados pensamentos moribundos. Entretanto caríssima, se não fosse por você a poesia não desabrocharia e, então, quixotescamente, passei a lutar contra os meus moinhos de vento. Sinto falta das longas conversas pelo telefone, de suas visitas repentinas, dos poucos passeios que fizemos, e dos Emails poéticos onde interagíamos. Foram para mim breves e inolvidáveis momentos dos quais tenho saudade, talvez pelo apego, gostava de ouvir sua voz tímida, escondida que fazia do seu simples bom dia, uma canção aos meus ouvidos. Eu te cobri inteira de purpurina, te fiz brilhar, meus olhos te enfeitaram, através da imagem que criei, ideia que até hoje sustento, escrevi poemas, cantei canções e embalei meus sonhos, te amei, com tudo: sentido, alma e corpo. Pus em tuas mãos as chaves do meu coração. Trancada nesta ilha inacessível, mergulhada na solidão em teu juízo sei que de uma forma estranha você se lembrará de mim. Feliz aniversário! Quero crer coisas boas tenham acontecido em tua vida. Com carinho, deixo meu abraço.

James Assaf
Enviado por James Assaf em 09/04/2015
Reeditado em 12/04/2015
Código do texto: T5200291
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