CORAÇÃO DE POETA
No ardil fim de uma tarde,
Quando o dia já farto de tanta solidão,
Por fim repousa sua luz,
Ao ceder seu espaço às trevas,
Que recaem com ímpeto sob minha triste face,
Como se dela eu precisasse,
Pra aprender a viver sem o teu amor,
Mas esquece-se de que ontem,
Ao por do sol, no luzir do último raio,
Nascia uma linda semente,
De nome esperança,
Que mesmo entre as trevas cresceu,
Regada pelas gotas da felicidade de outrora.
Por fim, amanhece agora!
Foram-se as trevas e as gotas de felicidade só fizeram crescer,
As folhas, flores e frutos,
Troncos e sombra...
Donde ao longe, vejo impaciente,
O crepúsculo que invade,
Insano, aos que da triste solidão inda padecem,
Indiferente, esse poeta em sua sombra,
Já não mais pode sofrer,
Pois o seu já tão sofrido coração,
Inda a pouco deixou de bater.
GOMES