Pertinências anímicas

Eu que sempre fui de palavra, pela palavra, por palavras eu faço saber quem eu sou. Nesse Momento fatal, me falta o ar, me falta a tal palavra.

Agora sou bem moço, nesse passo não me canso, porém um dia me faltará o fôlego; que não falhe a memória, que não me falte essa glória de lembrar quem me honrou com sua vida, seu sangue, seu suor. Que nessa hora entristecida pela dor da partida, eu não me culpe por não saber o que dizer, pois, se é trivial o sofrimento, deixo de lado o meu lamento para rememorar a força do amor, da família e do sangue que correu, corre e correrá por nossas veias, veias velhas, veias novas, dos que já foram e dos que virão, mas principalmente para unir aqueles vivos filhos de Augusto.

Cem palavras não traduzem mais que uma só nessa hora. Cem palavras cortadas pelo nó na garganta, lembrando daquela senhora (Zezé) que povoa meus sonhos mais surreais, mas que há tempos não me afagava, no choroso adeus que me toma, silencioso, e devastador, ela veio me encontrar e dizer que agora não há o que sofrer, apenas viver para valer a pena, com a força que vem da luz, da luz que vem de Deus.

Há uma marca indelével em minha alma chamada saudade, aqui nesta cidade ou em qualquer lugar. A simplicidade é o que há de mais sofisticado, é o que há de mais humano, custei, ah, como custei, paulatinamente aprendi deveras o valor disso. Eternamente vou amar o que há para amar em nós, a minha vida é testemunha do quanto sofrerei por não ter mais do que estas simples palavras nesse instante, contudo, tudo o que eu posso fazer é amar.

Em português, obrigado, obrigado, obrigado!

Com todo o respeito, Lágrimas.

Drachir
Enviado por Drachir em 26/02/2015
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