Elação

Ah dizer o indizível...

Tens o poder de ler minha mente?

Não sabes o que sinto, é outro departamento.

E também não sei o que sentes. É pessoal e intransferível.

O que dizes é aparência, ou uma pequena amostra.

Ninguém quer mostrar o pior. Não por orgulho, mas por vergonha.

Ou vice-versa, vai saber. Ou ainda por medo. Ou ainda porque é desnecessário.

É possível ser autossuficiente? Relatórios dizem: doente. Os sintomas confirmam.

O crivo próprio pesa mais que o do doutor.

Os dias são longos, as semanas terminam num instante.

Ser Deus é contraditório, ter tudo nas mãos, mas deixar fluir lentamente.

Tudo parece muito justo. Quem aceita?

Resignar-se? Ou revolucionar-se?

A luta é diária.

Mesmo com quem se contar as palavras somem.

Muitas já foram ditas em algum momento de desespero.

Outras são mesmo indizíveis, outras não valem o esforço, outras só magoaram.

Outras ainda não foram aprendidas no vocabulário.

Engolir o nó amargo e respirar. E imaginar que a essa altura do campeonato

tudo só pode ir piorando (ou não).

As mesmas pessoas de antes carregam suas próprias dores.

Talvez tenham deixado algumas em segundo plano (espero).

Ou mesmo esquecidas (que benção).

Mas, outras inevitavelmente serão substituídas.

(Viver sem dor é possível?).

Alguns fazem questão de degustar avidamente todos os sabores indigestos que comportam,

envenenando o próprio coração. (Vade-retro!).

Alguns atuam com primazia. Meus parabéns ao talento.

Eu não preciso me alinhar com o que desconheço ou com o que não me soa bem.

E que esse desconhecido siga seu fluxo.

Eu nunca soube dar alento. Perdão, assim me construí. Também nunca o tive.

Ninguém gosta de se contaminar com mazelas.

Interrompidos: “vai melhorar”, “não seja fracote”.

Ou às vezes um discurso que ouvimos por ouvir, pois não condiz com o que precisamos.

O tempo passa para todos. O passado sempre fará parte - velhos novos fantasmas (talvez) -

que se reinventam e nos exigem mais fibra, cabeça erguida, batimentos tranquilos.

Que para os meus erros imperdoáveis esse mesmo Deus da fluência te compense

com distrações nas suas marés, grandes peixes, novas ondas.

Quanto a mim, deixa pra lá. O meu trabalho mental (e físico) já me deixa cansado

o suficiente para dormir a noite inteira depois que pego no sono.

Existe a proximidade distante e a distância próxima. Escolha a que te fizer melhor.

Eu sou distante, mas, dentro de mim tenho muitos. Logo, me são próximos.

Meus medos são muitos e me assombram, e na vida real não existe nenhum caça-fantasma.

“Te vira nego!” A vida é única para cada um, e como diz o ditado, Deus a deu para cada um cuidar da sua. Mas a mão ao próximo não custa ser estendida.

Fico pensando se um entendimento sadio é possível em que se desvendem as aparências

e nem por isso fira, magoe, invada. Deixemos como está, mexer só piora.

Hoje em dia só um pensamento começa a transformar a realidade, ou emaranhar, dependendo do pensamento.

Eu vivo isso diariamente, e pago o preço pela minha burrice.

Enfim, se valer como incentivo, escolhe os melhores pensamentos sobre tua vida e o teu entorno.

Quanta baboseira!

Feliz vida nova daqui pra frente.

Que tuas decisões sejam tuas. As influências muitas vezes são como um empurrão na escada.

E respeito sempre, mais do que antes.

E julgar é só para os ignorantes.

E ponto pacífico.

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 25/02/2015
Reeditado em 25/02/2015
Código do texto: T5149712
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