Carta número nove - a gente sempre muda

1 ano, 2 meses e 11 dias.

Sabe, de vez em quando, me pego relendo a sétima carta. E comparando esta com a oitava. Quer dizer, parece até outra pessoa falando nas duas. Se você lesse primeiro a oito e depois a sete pensaria que eu estava bem com meu futuro. Mas eu leio na sequencia e me pergunto como consegui escrevi uma carta como sete com tanta convicção de que as coisas ficariam bem.

Então eu percebi que entre uma e outra houve uma mudança. Eu comecei a me questionar qual era o valor de algumas coisas e percebi que a gente nunca deve subestimar nada nem ninguém. Foi nesse período também que decidi o que eu iria fazer no meu futuro. Quem eu queria ser. E eu estava animada com aquilo, porém logo depois fiquei me perguntando se estava fazendo a escolha certa.

É muito difícil ter certeza na vida, ainda mais pra alguém que já nasceu com o dom da indecisão. Talvez, meu sentimento de dar um passo adiante esteja crescendo de novo, mas ainda me apego demais ao passado. Como uma criança com seu cachorrinho de estimação. E quando finalmente comecei a realmente tentar não me importar com você, algumas pessoas me falaram coisas que remetiam diretamente a você, sem que elas ao menos soubessem da sua existência - e disso eu tenho certeza. Mesmo.

É quase uma coisa complexa. Mas tudo tem um motivo não tem? O engraçado é que observando tudo ao me redor parece tudo planejado. Até as coisas relacionadas a você, mesmo que não tenham vindo diretamente de você. E, quando tentei dar um passo adiante, deu errado. É como se não fosse para eu dar esse passo. Como se uma força invisível me puxasse para trás.

E as músicas? Até hoje me pergunto se você chegou a ouvir as músicas que eu cantei pra você quando você estava dormindo. Quer dizer, acho que ouviu, mas não deve ter prestado atenção no que as letras queriam dizer, porque obviamente não sabia que tinham um propósito além de serem cantadas "aleatoriamente".

Hoje, as músicas que mais escutam oscilam entre "eu me sinto bem melhor agora que você foi embora pra sempre" e "sinto sua falta desde que partiu". Algo mais ou menos assim, obviamente não com os mesmos propósitos da letra da música, mas com meus próprios propósitos. Era mais fácil antes, e é claro que a gente sente falta do fácil, quando descobrimos o difícil.

Como eu já disse, o mundo está girando. Eu deveria estar girando junto, mas estou sendo puxada por uma força para girar no sentido contrário. Porque, talvez, o sentido contrário seja o meu certo.

E, na verdade, o que eu quero fazer agora é esquecer.

Bec
Enviado por Bec em 17/02/2015
Código do texto: T5140446
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