PAIXÃO EM QUEDA LIVRE
Algumas vezes na vida me pergunto o porquê que as vezes ficamos na solidão. Nestas horas começo a olhar para as páginas do cotidiano nosso. Em meus devaneios chego a imaginar que se as borboletas pudessem falar – será que contariam coisas que há nos corações dos homens? Cenas de filmes em preto e branco - que o tempo levou. Mas ainda não se esquece o gosto do beijo primeiro e do primeiro momento de amor (de você não gostaria de esquecer jamais o primeiro beijo imaginado e o amor sonhado...).
Mas acordamos para descobrir que tudo além do amor está morto - A leveza que um dia tivemos já foi extinta e repousa em museus de história natural, assim é que me sinto o último discípulo de John Lennon a pensar que o sonho não terminou. O tempo muda sempre: faz calor, frio, chove, trovoadas, céu aberto, nublado. Mas as vezes nos predemos às sensações desagradáveis passadas... Será que depois de nosso primeiro resfriado devemos perder o agradável prazer de passear sob o vento frio?
Ontem, uma noite de madrugada fria, cansado de uma jornada de trabalho e possesso do desejo mais puro... Sonhava rever a quem meu coração desejou, provocar de todas as maneiras possíveis. Sentia o suor da libido percorrer o meu corpo. Sentia o despertar da minha pele quente mesmo com todo frio. Corpo que meu corpo buscava pousar, voragem da paixão e da lascívia.
Mas me veio a súbita realidade, não teria mais como sonhar, a flecha da realidade disparada contra mim - e descobri quanto é extensa a solidão. A dor agora subia e descia em meu peito arranhando o tecido fino do coração ferido. Paixão em queda livre.