Nulo amor

Como ser honesto dos meus sentimentos sem desmerecer quem você é, o que significou e o que poderia termos sido?

De todas as manias, tem a péssima de encantar com seu doces gestos diurnos, pois os noturnos me amargam. Se o que provêm de ti, me assusta e sigilosamente cativa, sei que soa contraditório, sei bem, mas talvez seja a grande piada do destino, me jogar nos seus braços, braços estes que segura qualquer um, mas não permite ser segurado por ninguém.

Amar a ti, é amar o improvável, no fundo posso ver só agora, que um egoísta não tem sentimentos, não vê os encantos das aves e esmaga os buquês de todos os seus amantes.

Você acolhe o escuro, afasta a luz e condena os vivos, a solidão te chama pelo nome como uma boa amiga e no fascínio dessa relação eu não me encaixo e a ninguém mais e só agora vejo que devia ter te deixado como estava quando te vi infeliz, talvez você acha que não existe ninguém que vai te merecer, mas um homem cheio de convicções se isola de sentir, e se existe algum preço a se pagar seja a solidão de você, e você a solidão de todo o resto.

Ao longo desse relato, mato cada sentimento, cada lembrança, cada afeto, hoje a noite não tem estrelas, não há brilho algum em mim, na minha fuga de ti, tento procurar respirar na cidade, já que o escuro do meu quarto, o espaço sobrando em minha cama me remete a você, e pelas rua entre os olhares aflitos das pessoas apressadas que passam por mim, eu observo como perco tempo contigo, e assim se desenvolve minha escrita aqui, escrevendo, sentindo, amando, odiando por te amar, e me permitindo esquecer o que de fato nunca houve.

Sem prestigio, sem glamour, sem adeus, eu deixo te ir de vez, sei que vai se sentir envolto as sombras e perder o sopro de vida nesses olhos infelizes, mas isso não é mais problema meu, em meu intimo guardo apenas uma lembrança sua que me permiti ter, olhando em meus olhos infelizes, seus olhos castanhos iguais a todos os outros, mas que me diziam, 'sorria sempre' e é o que farei, seguindo, indo, andando, me permitindo um luxo na minha simples vida, sendo egoísta ao menos uma vez, pensarei em mais mim e assim como a quem remove um câncer por fé, eu me livro de tua presença, dos seus encantos, dos seus beijos presunçosos e do seu nulo amor, e continuando assim, quem sabe, em algum momento eu possa dizer sem me enganar que 'Me sinto leve, me sinto bem'.

Kido Panontim
Enviado por Kido Panontim em 29/01/2015
Código do texto: T5118880
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