O que nunca foi dito
Será que alguém consegue "ler as entrelinhas"? Será que em algum momento alguém consegue captar que nada do que foi dito, feito, murmurado, não passou de uma tentativa desesperada de não desistir? Será que conseguem enxergar que há um coração magoado, machucado, dilacerado? Aquele mesmo que em tantas outras ocasiões foi totalmente pisoteado? Sabe, ser que chamei de "amor"? Esse coração já sofreu demais. Já sangrou demais. Já fez o que podia e mesmo o que já não poderia, para ser feliz. Para acreditar que realmente não podemos ser felizes sozinhos. Ele já chorou, silenciosamente, em quartos tão frios quanto essa alma que implora por compreensão, por paciência. Por mais amor! Talvez você não saiba, não imagine ou não queira saber; mas esse coração acreditou muito em você. Acreditou que todas as dores haviam se dissipado. Acreditou, pela milionésima vez na vida que agora era a sua hora de ser feliz. De fazer alguém feliz. De poder se entregar sem medo, sem receio algum de futuros que, às vezes, podem ser sombrios. Tristes. Dolorosos. Tão amargos quanto todas essas lágrimas que agora meus olhos derramam. Você seria capaz de entender? De me entender? De aceitar que tudo o que eu fiz foi pensando em um bem maior, um bem comum? Pois bem. Pode ser que daqui em diante esse coração cansado não volte mais a acreditar em ninguém. Pode ser que ele desabe de uma vez. Pode ser que ele fique trancafiado por décadas em uma dor que poderia ter sido evitada. Foram tantas conversas, não é mesmo? Tantas tentativas vãs de um diálogo, que logo acabaram em cruéis discussões que machucaram a ambos. Sempre quis manter um diálogo sadio. Você sabia disso? Você percebeu isso? Você me percebeu nos momentos em que passamos juntos? Você percebeu que, porra, eu realmente te amei demais? Espero que tenha se dado conta. Espero que veja que teve em minha vida a importância que ninguém jamais teve. O lugar que talvez ninguém antes ocupou. Eu queria, muito, continuar tendo forças para tentar. Mas estou enfraquecido. Não por mim. Mas por todas as situações que, deixando-se influenciar, você permitiu que interferissem em nossa vida a dois. A mesma vida a dois que era pra ser a melhor dos dois. Mas que se tornou apenas mais uma. Somente uma nova história comum. História essa que o poeta-protagonista, talvez venha a contar e recontar até o último dia de sua vida.