Vai Correio, Vai Pombo


Estavas à entrar
Estavas para mim,
Como a minha paixão
Mais esperada, ânsia descontrolada
Era momento de ti
E de mim
Mas não deixastes nada passar

Passou o vento,
Sem entreolhares de paz
De boas vindas
Estavas redomado
Num domo inexpugnável
Eras alguém que,
Antes até parecia ser eu
Mas eu não me vi em ti
A distância era minúscula
Mas se fez infinita no momento frio

E agora sofro por ti
Me prostro inerte, sem tua energia
Tudo é frio
Este frio, quando me dás não sara.
E tremo tanto
E dói tanto...

E o frio me veio
E eu que tanto esperara
Tilintei, trinquei, parti
E repartida, já te via tão longe
E já me debatia caída no chão


Por que o chão meu amor?
Porque era o limite da queda
Cujo impacto partiu meu coração.

Te esperei na saudade
Queria tanto ouvir tua voz
Queria te ouvir falar doce
Como falas comigo, quando estamos sós
É tua voz exclusiva de carinho e apego a mim
Mas tua chamada não atendi
Perdi o calor do momento
Desligado estava o instrumento
Impedida a conexão
A minha alma dormia
Enquanto a tua inconformada
Esfriava desconfiada

E o olhar não veio
O abraço não veio
A conversa sem voz tentou
Mas silêncio
Este sim disse tudo

Aqueça-me
Surpreenda-me
Me olhes curto e fundo
Tente ver a minha alma
Ela pra ti ainda é uma promessa
Que cada dia ganha requinte e distinção
Não vou te provar nada
Mas vais entender cada ponto,
Da minha dedicação a ti meu amor,
Cada nuance, cada flash que te iluminar com os
Brilhos nossos para um espírito definido

Cuides para me dar calor
Por que é o que eu te dou
Cuides do meu frio
Me aqueças meu amor
Não me deixes congelar
O degelo transforma
O estado, enquanto o gelo
É imobilidade, o ermo, estático e estéril

Quero o ser viril e quente
Que estando longe está mais dentro
De mim
Que estando perto, és tão perto que espraias dentro de mim, te alojas num tempo infinito que nunca escasseia.
Isto sim, é o tesouro que meu amor oferece
E o teu amor me reconhece feliz no movimento que vai e volta.

Vez em quando, quando em vez...
É como um farol que nortea-me.
Ar... Vento marinho. 
Quantos nortes a descobrir em cada rumo,
Em cada passo, em cada toque.
Assim me descobres, assim me perdes e me encontras nua debaixo do teu todo.
Cabeça, tronco e membros.
Continues
Continues
Me procures, ainda que já me hajas encontrado,
para que eu a ti me faça oferenda,
que sendo antiga, no encanto do teu amor se faz nova,
a cada vez, e apenas se renova no teu calor, que é o que te dou.

Mar doce Mar descoberta tardia
Coisas do sonho, do desejo
Coisas de nossas histórias
Que talvez estejam finalmente
A se cruzarem, tocarem pelo menos
Não menos que este menos
Para que um dia mesmo o menos possa nos ter sido o mais.

In: 'Vai Correio, Vai Pombo' Carta de Ibernise.

Barcelos (Portugal), 14JAN2015
Ibernise
Enviado por Ibernise em 18/01/2015
Reeditado em 27/05/2015
Código do texto: T5105554
Classificação de conteúdo: seguro
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