Minhas últimas palavras

Já não tenho muito tempo e ném forças para escrever tudo o que está em minha mente, sinto o batemento do meu coração baixar e sei que não existe mão alguma que me pode tirar desta situação.

A única coisa que me torna digna de continuar a respirar é poder escrever aquilo que eu sinto.

Entrei neste hospital com um caroço na garganta que a deixava inflamada, os médicos nunca souberam o que era realmente mas disseram que tinha que ser retirado urgentemente, eu já não suportava tamanha dor.

Estás foram as palavras do doutor ''Dentro de 15 dias terás que vir a consulta para verificarmos se podemos prosseguir com a cirurgia...'' Não quis acreditar que aquela informação era para mim, eu já não suportava mais aquela dor, mal conseguia respirar, minha cabeça parecia que haveria de explodir, as febres e calafrios tomavam conta do meu corpo. Não suportei, tive um desmaio ali mesmo perante o doutor. Quando acordei estava deitada numa cama, tive uma baixa forçada, meus familiares já não estavam ali pois já havia passado a hora das visitas, e fiquei ali, somente eu e as minhas dores. Me senti ainda mais abandonada quando precisei ir ao banheiro e a enfermeira recusou ajudar-me.

Busquei forças, através das recordações dos momentos que ném aqueles, que não tinha ninguém para ajudar-me, e tornei toda aquela mágoa e dor numa energia para seguir em frente, e consegui.

No dia seguinte felizmente tive a sorte de manter contacto com um dos 'melhores' doutores daquele hospital, ele examinou-me e disse que me faria a operação no dia seguinte. Minha família ficou feliz quando recebeu a informação, e eu tentava segurar aquela dor, tinha que segura-la por apenas mais um dia.

O grande dia chegou, 5 horas de operação...

Operação bem sucessida! foi o que eles disseram aos meus familiares, que ficarm felizes e menos preocupados.

2 dias depois

Estou eu aqui, sucunbindo de dores e alucinações, tirando sangue pela boca e pelas narinas, todos olham para mim e não sabem o que fazer... As últimas palavras que ouvi quando estava em estado de coma foram: ''... Cometemos um erro, uma das veias que transportava o sangue para o cerébro foi rebentada durante a operação...''

Não dá para acreditar que isto está realmente acontecendo comigo, o que fiz eu para merecer tal castigo, a pena de morte...

Quem é o culpado?

Não sei se sou eu por ser um ser humano comum pecador, ou talvez sejam os médicos por cometerem erros como todo ser humano...

Nenhum de nós é culpado, é nossa natureza, nós não somos perfeitos, todos nós erramos, mas alguns erros tem uma punição severa, independentemente da nossa inocência... Esta é a punição por nós sermos humanos, eu irrei morrer em questão de instantes, essa é a mais triste realidade... Não deixarei nada mais que uma filha linda e saudades no coração dos que me amaram... Não levarei nada se não amor que tenho por todos que comigo caminharam neste universo complicado...

Com uma lágrima nos olhos, termíno este texto aguardando pela minha morte, com dor no corpo e coração... Que Deus perdoe os meus pecados e me conduza a vida eterna, porque não posso acreditar que isto tudo acaba assim...

''Uma tentativa de exprimir os sentimentos que me encomodavam a mente e coração após descobrir que depois de tudo o que passaste acabaste perdendo a vida, a triste realidade da vida''

Lélio Machava
Enviado por Lélio Machava em 05/01/2015
Reeditado em 06/04/2015
Código do texto: T5091154
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