Querido Papai Noel
Querido Papai Noel,
Eu tentei ser uma boa menina nesse ano que está acabando. Honrei meus pais procurando seguir seus ensinamentos: ser generosa e dividir meus brinquedos com as outras crianças do play. Ser respeitosa e não responder aos mais velhos. Ser responsável e cumprir com as minhas obrigações. Ser honesta e sempre dizer a verdade. E tantas outras coisas que eles me ensinaram... Não tenha dúvida.
Mas Papai Noel, às vezes as outras crianças eram más e estragavam meus brinquedos ou não dividiam comigo os brinquedos delas. Às vezes os mais velhos eram tiranos e se aproveitavam da desigualdade de força e poder para humilhar e assustar a mim e às outras crianças. Às vezes, dizer a verdade não dava certo, porque as pessoas usam nossas palavras e nossas confissões contra nós. E ser responsável, cumprir minhas obrigações? Eu tentei, juro que tentei, mas muitas vezes me senti sozinha e acabei acreditando que ninguém liga para isso...
Não quero pedir nada Papai Noel, não sei se posso ser essa criança perfeita para merecer um presente de Natal. Mas quero agradecer porque mesmo não sendo perfeita, tenho recebido tanta coisa...
Meus pais, meu filho, minha família. Dizer o que? Que nem sempre eles são como eu desejo? Que às vezes eu não sei o que fazer para agradá-los? Acho que vez outra eles sentem o mesmo sobre mim e, ainda assim, não me abandonam. Nunca, nunquinha mesmo.
Meus amigos? Não é incrível que no meio da tormenta (e cada um de nós tem sua própria tempestade...) eles estejam por perto, disponíveis e amorosos? Às vezes queremos os mesmos brinquedos, às vezes a mesma atenção, mas e daí? À noite, quando os brinquedos estão guardados e temos medo, não são eles que seguram a nossa mão?
Reclamar das minhas obrigações? Nem pensar. Se as tenho é porque em algum momento me mostrei capaz e tive a oportunidade de aprender, de exercitar...Deus não me daria tarefas que não posso cumprir. Acho que ele acredita em mim, às vezes, mais do que eu mesma.
Honestamente Papai Noel, a verdade é que fiz o meu melhor, da melhor maneira que podia. E ainda assim, sei que posso aprender mais com minha família, meus amigos e todas as situações que a vida me apresenta. Não sou perfeita, mas estou viva. Não sei tudo, mas posso aprender. Não sou a criatura mais adorável desse mundo, mas me preocupo genuinamente com as pessoas.
E o meu presente? Obrigada... Sou presenteada todos os dias. Tenho família, amigos, trabalho. Consigo rir até de mim mesma, às vezes. Tudo o que realmente eu desejo é permanecer capaz de caminhar em busca de um presente maior e melhor que os dias que já se foram e que pode ser superado pelos dias que virão. Desejo alegrar-me e agradecer a existência das outras crianças que brincam nesse imenso playground que é a vida. Às vezes ao meu lado, às vezes comigo, às vezes sozinhas, mas sempre sob o olhar de Deus. Mesmo quando a vida não é tão divertida.
Feliz Natal! – 24/12/2014