"NON, JE NE REGRETTE RIEN"



 
     Não me arrependo de nada, embora saiba que as lutas dolorosas de toda uma vida tenham sido inteiras em vão. Não me arrependo de nada, porque jamais desejei o mal a ninguém, bem como nunca fiz, deliberadamente, o mal a ninguém. Se mal tenha causado, nunca o deliberei.  Nunca, jamais dei o troco ao "pão que o diabo amassou", que muitas vezes tenho sido obrigada a engolir. Nunca, nunca, jamais. Nunca, nunca,  jamais, ninguém me pediu perdão por coisa alguma nesta vida, por isso tenho caminhado curvada, sempre, ao peso das culpas todas a mim imputadas... por todos os lados da vida.
     Ainda assim, não me arrependo de nada; se as pessoas soubessem dos fatos efetivos, compreenderiam que jamais tive muita escolha. Dentro da pouco escolha que sempre tive e eu o sei, com muitos erros na jornada, tenho feito sempre o melhor que me tem sido possível fazer.
     Ah, Edith, eu me identifico com tua canção quase na totalidade... Não posso nem jamais poderei dizer nem viver, com verdade, o seu, da canção, derradeiro verso. Nunca poderei dizê-lo...nem vivê-lo... Nunca, nunca, Edith. Não há como começar do zero, não há como começar de novo... Com ninguém... Com ninguém... Com ninguém... Por nenhuma forma, Edith (essa, a mais dolorosa de todas as compreensões). Sempre desta que escreve querem tudo ou nada. Sempre. Desta, com um destino selado, o destino cujo nome é SOLIDÃO. SOLIDÃO, Edith. SOLIDÃO.