Desabafo.
Passei o dia na cama, e no escuro.
Foram horas e horas escondida na minha solidão e nos meus medos.
Tantas lágrimas de tristeza, de desespero, de angústia.
Medo e falta de vontade de viver.
Afinal, só consigo pensar que não tenho mais o que fazer por aqui...
Não preciso mais sair da minha escuridão.
Até o sol me entristeceu hoje. Preferi evitá-lo.
Preferi tentar não entender nada.
E foi assim que eu entendi.
Depois de tantos meses perdida, sem saber pra onde ir, sem saber o que fazer e sem ter a menor noção do que eu mesma sou.
Descobri que eu não consigo perdoar.
Perdoar os meus próprios erros, perdoar minha vontade de fugir. Não consigo me perdoar por ser tão fraca. Admitir que eu cai e que não consigo me levantar.
Como posso perdoar aquele que eu amei tanto, aquele que eu carreguei nos meus braços com tanto amor e que simplesmente foi embora. Sem olhar pra trás.
Perdoar um sentimento tão bom e tão honesto que me jogou numa imensidão vazia.
Como perdoar a mim mesma por não ter dado certo?
E se fosse só esse amor que pesa...
Como me perdoar por criticar tanto as duas pessoas que me deram a vida, e que erram tanto... aos meus olhos.
Como se fosse ingratidão. Mas é apenas uma questão de sentir as suas próprias dores e não querer carregar as dos outros.
Se eu pudesse... Não seria mais assim.
Perdoar a mim mesma por não ter ido atrás do meu real sonho. O sonho material, sonho de tentar, no mínimo, sobreviver com algo que me traga satisfação.
Como voltar no tempo e fazer tudo de novo?
Ou talvez... apenas começar de novo, ou sonhar outros sonhos.
Sonhos são sonhos. A gente sonha com tudo, mas só se lembra do que realmente está vivo dentro da gente.
Eu não vou deixar de chorar agora, porque é a única forma que tenho de não me sufocar com tantas feridas.
E também não vou sair por aí, mudando meu universo.... Não é isso que eu quero.
Só quero viver esse momento. E que seja de tristeza infinita, de lembranças que se foram, de saudade do que vivi e do que não vivi.
Não me importo mais.
Essa vida é minha. E dela eu faço o que quero.
E o que eu quero?
Apenas que não haja vida mais.
Eu vivi muito, e tenho certeza de que o bem que eu trazia nas minhas atitudes vão ficar. E eu amei demais, lutei demais, fiz demais. Família, amigos, amigas lindas...
E errar de novo... Não mais.