As Indelicadezas da vida...

Hoje só queria alguém para conversar, sei lá ainda mais a noite, quando pareço mais necessitar, fiquei o dia todo inventando sorrisos, e foram bons por algum tempo, ai voltou tudo ao normal. Sim, sinto falta dele, afinal é ou foi meu primeiro namorado. Dois anos de uma relação, de horas e horas ao telefone com ele, de sorrisos bobos, conversas soltas; já estava tão acostumada e nesse tempo todo, a ausência dele não sentia, pois mesmo quando distante, fazia-se perto. Agora estou aqui imaginando sua voz e com uma enorme dor, uma saudade que parece que vai, me fazer sangrar até morrer.

Olho em volta e realmente estou sozinha, me dei conta disso. Ele era muito e tudo nas horas que precisava, na verdade em todas as horas, falava que estava triste e ele cá estava para aturar meu jeito birrento de ser, ficava horas e horas e ainda retornava um minuto depois para saber se estava bem mesmo. Sempre reclamei da sua falta de romantismo, mas no fundo sabia que ele fazia o máximo, e eu exigia sempre o impossível, mesmo assim, ficava... Ficou muito. Não sei o será amanhã, pode ser que tudo volte ao normal, talvez houve um imprevisto, ele não pode realmente ligar, estou agarrada firmemente a essa hipótese.

Mas hoje eu queria mesmo era, ter um amigo ou a minha amiga do meu lado pra me escutar. Hoje estou literalmente sozinha. A vida é tão indelicada, acho que é essa a palavra certa, porque eu sempre procurei me desdobrar para fazer outros sorrirem e ficarem bem. E quando preciso... Nada. Sim, indelicadas essas curvas sinuosas da vida.

Hoje a nostalgia está salgada pelas lágrimas que contive durante o dia, mas que agora deságuam sem pudor. Espero que amanhã seja um dia melhor, espero mesmo. Nada de nostalgia, por favor. Que haja sol ou chuva, mas que o despertar seja suave, nem mesmo quero a nostalgia positiva, quero férias da saudade, dói demais essa companhia cheia de vazio. Dia e noite ficam do avesso, e discordantes um do outro, baralhando minhas memórias, chega dessas indelicadezas só queria alguém pra conversar... Ah e não me julgue por necessitar dos outros, mas sim, preciso e muito. Como não tinha ninguém para me ouvir, decidi escrever para outros que nem conheço, mas que talvez me ouça ao ler isso, talvez, pelos menos tentei imaginar uma companhia. Na verdade só necessito de alguém que impeça que meus silêncios invadam-me. Mas, não encontrei e vou desistindo de procurar.

Ei! Se você conseguir me ouvir, agradeço. Ainda tenho esperança que a vida inverta suas indelicadezas, por gentilezas.

Ass. Aline Borba