A HORA É ESTA!
A HORA É ESTA!
(Ivone Carvalho)
Hora da meditação. Hora da retrospectiva, da análise. Dos últimos tempos, dos últimos momentos, da vida.
Hora de colocar os pés no chão, sem deixar de ouvir o coração, sentindo o que vai de mais profundo dentro da alma, sem esquecer os detalhes que a vida embala, as certezas que, por serem certezas, não necessitam divagações, as dúvidas que merecem respostas, os devaneios que nos levam a sonhos reais ou irreais, passados e atuais, remetendo-me ao futuro imediato vez que, o mediato, não me pertence.
Hora de penetrar o meu interior. Sem medos, sem culpas, sem interferências, sem obstáculos, sem ameaças, sem pressões, sem opressões. Mergulhar dentro de mim com autenticidade, buscando o entendimento da verdade, analisando, friamente, todas as mudanças e concepções, todos os desejos e realizações, todos os sentimentos comandantes das minhas ações.
Hora de buscar respostas. De ouvir o que não foi dito. De interpretar o que foi ouvido. De analisar o desconhecido, de temperar as poções manipuladas, de escutar as palavras caladas. De compreender as ofensas despejadas. De liberar os pensamentos, de pôr fim ao que atormenta, após o seu entendimento.
Hora de finalizar a prostração. De permitir as lágrimas da emoção. De escancarar o coração. De melhor compreender as frustrações. De conhecer o estranho, de revelar os mistérios. Hora do reencontro com o encanto quebrado.
Hora da escolha dos melhores caminhos. De separar o joio do trigo. De erguer a cabeça, de imposição. De retirar, das rosas, os espinhos. De fazer pacotes enfeitados com laços de várias cores, distribuindo-os nos respectivos escaninhos, onde cada um saberá reconhecê-los como suas propriedades e deles tomar posse.
Hora de definir roteiros, traçar metas, delinear objetivos. De observar o tempo que passou e o tempo que resta. De realizar, dentro de mim, uma grande festa, servindo-me quitutes que alimentem a minha alma, preparados com o carinho que eu mereço, a justiça que me foi negada, a caridade que eu pratico, a fé que me dá vida, o amor transbordante em meu coração e algumas lágrimas que lhes darão o sabor leve e úmido, retiradas da emoção.
Hora de ouvir a minha voz interior, mas, não mais revelá-la porque a ninguém interessa senão a mim mesma. Porque eu não saberia quem poderia ouvi-la sem lhe dar interpretações errôneas e injustas.
Hora de verificar em que ponto eu parei e recomeçar sem erros, sem sonhos impossíveis, sem fantasias, sem gritos, sem armas que machucam, sem lágrimas de sofrimento.
Hora da meditação, da retrospectiva, da análise, da escolha de caminhos, da definição de rotas, do encontro com a Luz, da maior aproximação de Jesus, da levitação até atingir as nuvens, o espaço distante, de onde poderei espalhar, sem endereço certo, a todos os cantos do universo, o que existe de melhor dentro de mim, o que me foi ensinado por Deus, o que aprendi com amor.
Hora de divulgar o que é inteligível, compreensível, inconfundível. Hora de perdoar, de esquecer as mágoas, os sofrimentos, as chagas, as ofensas, as injustiças.
Hora de navegar dentro de mim. Hora de me amar, de amar, de reciclar, de entender, de me ocultar, de renascer.